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Por que o Rio de Janeiro chegou à falência institucional

2017-04-03 01:30:00
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O estado que hospeda a cidade maravilhosa vive um dos momentos mais difíceis de sua história. Diferentemente das glórias do passado, o Rio de Janeiro vive crise política e econômica. De empresários a órgão de gestão e políticos do Executivo e Legislativo, os escândalos de corrupção recém-descobertos têm afetados quase todos os níveis institucionais cariocas.

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Acompanhando uma série de crises que começou com a prisão de dois ex-governadores (Anthony Garotinho e Sérgio Cabral) e déficit nas contas públicas, seis conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro foram presos na semana passada.


De acordo com fontes da imprensa nacional, delações do ex-governador Sérgio Cabral, também preso no complexo de Bangu, podem envolver até juízes, desembargadores e membros do Ministério Público do estado. A informação ainda não foi confirmado por fontes oficiais porque o processo corre em segredo de Justiça.


Para o analista político carioca, Paulo Baía, a situação chegou a esse nível de precariedade por falha quase que generalizada do funcionamento das instituições.

“O Rio vive um clima de absoluta instabilidade chegando ao nível do conflito social ser iminente. As instituições de segurança não funcionam, nenhuma funciona, em função da gestão criminosa de longa data’”, diz.

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Paulo destaca ainda que especialistas de todas as áreas falharam em atentar para o que estava acontecendo. Ele argumenta que para evitar que a crise se aprofunde e novos casos ocorram é preciso cobrar mais transparência.


“Nós, especialistas, devemos ficar mais alertas e atentos à gestão publica, porque aconteceu diante dos nossos olhos e não percebemos. Havia um clima de euforia com grandes eventos, Copa, Olimpíadas, e as perspectivas de maior desenvolvimento da cidade e do estado. Isso foi algo que cegou as pessoas”, avalia.


Decano da Câmara, o deputado federal pela Rede, Miro Teixeira, afirma que esse movimento deve ser observado em outros estados em breve. Ele explica que a política nacional, em Brasília, sempre tem sido muito vigiada, mas a sociedade e a imprensa começam a entender que a corrupção também se dá em níveis estaduais e municipais.


“Haverá uma descoberta maior do que se passa no Brasil de modo geral. Se você olhar o que houve de escândalo só vai encontrar a imprensa, não existe denuncia de órgão de fiscalização. O Rio de Janeiro está sendo a ponta do iceberg”, afirma.


Miro lamenta que um estado que já sediou a capital brasileira e teve políticos de destaque passe por essa situação, mas está otimista com o desfecho da crise. “Do que se conhece hoje, o Rio está pior. Talvez porque aqui a impunidade tenha ficado em níveis mais grosseiros. Agora quando sair, estará mais forte, porque terá descontaminado o sistema de poder”, diz. 

 

Saiba mais


TCE

No último fim de semana, o Superior Tribunal de Justiça decidiu prorrogar a prisão dos conselheiros do TCE do Rio. O prazo da prisão temporária deveria terminar ontem, mas foi estendida até sexta, 7. Somente o presidente da Corte, Aloysio Neves , está em prisão domiciliar, o motivo de ele ter sido privilegiado não foi esclarecido.


Quinto de Ouro

A operação da PF que prendeu conselheiros investiga esquema de propina que pode ter desviado até 20% de contratos com órgãos públicos para autoridades públicas.A operação foi batizada em referência ao Quinto da Coroa, imposto de 20% que a Coroa Portuguesa cobrava dos mineradores de ouro no período do Brasil Colônia. 

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Isabel Filgueiras

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