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VERSÃO IMPRESSA

E o prêmio vai para?.Pinox

2019-01-17 01:30:00

Vários veículos da imprensa especializada atribuem anualmente prêmios para o melhor, o eleito, o queridinho, o favorito e vai por aí. O Auto Papo prefere denunciar a maior mentira do ano que, em 2018, foi para um destes economizadores de combustível anunciados às dezenas na internet, quase todos prometendo economia de até 20% no consumo e ganho de desempenho.


Sem suar a camisa


O raciocínio que derruba todas essas tentativas de enganar o consumidor é simples: alguém imagina que, se funcionasse de fato, as fábricas de automóveis não sairiam correndo para adquirir sua patente, ou a própria ?empresa? que o produz, ou milhares deles para instalar na linha de montagem? Aliás, consultados, os engenheiros das fábricas confessam ?suar a camisa? para conseguir uma redução de 2% ou 3% no consumo ? e ficam perplexos ao tomar conhecimento dessas picaretagens anunciadas na internet.


Mas, é sempre conveniente verificar se algum ?Professor Pardal? não inventou de fato um dispositivo capaz de derrubar todos os conceitos físico-químicos da engenharia automobilística. E, para isso, o Auto Papo testou o Pinox, um dos mais recentes anunciados na internet, produzido (segundo o manual) na Áustria. Que não passa de um pino de aço de tamanho e preço variáveis de acordo com a cilindrada do motor, comercializado no Brasil pela BE-Fuelsaver Brasil Ltda, de São Paulo.


O que diz seu anúncio na internet: ?O otimizador automotivo Pinox é um dispositivo que possui uma frequência bioenergética, que altera fisicamente a estrutura molecular do combustível, proporcionando condições ideais para uma queima mais completa da gasolina e do diesel?.


Testando o pino mágico


Adquirimos então, por R$ 540, um Pinox especificado para motores a gasolina de 1.0 a 1.6 de cilindrada. A FCA cedeu para os testes um Fiat Argo 1.0 com cerca de 17.500 km rodados, e os testes foram realizados pelo engenheiro e perito judicial Sergio Melo. Exatamente de acordo com as recomendações do manual que acompanha o dispositivo. O pino tem cerca de quatro centímetros de comprimento por 0,8 centímetros de diâmetro, foi instalado junto a uma mangueira que conduz a gasolina ao motor. Segundo o fabricante, ele pode também ser alojado diretamente no fundo do tanque de combustível. Pode ser transferido de um carro para outro e funciona com gasolina ou diesel. Tem garantia de 30 anos?


A fábrica promete:


1- Reduzir o consumo de combustível em até 20%;


2- Aumentar em até 20% a potência do motor;


3- Reduzir em até 99% os gases poluentes;


4- Reduzir em até 85% a fuligem emitida pelo escapamento.


O engenheiro Melo rodou quase 250 km com o Argo, circulando quatro vezes num circuito de 58 km, numa rodovia de duas pistas e que permitia manter velocidade de 100 km/h, sempre em quinta marcha. Resultado: Nenhum!


Em cada reabastecimento, eram registrados quantos km percorridos e litros consumidos. Os resultados obtidos foram os mesmos em todas as medições efetuadas, sem modificação de consumo com ou sem o dispositivo (diferença na segunda casa decimal não foi considerada e pode ter sido provocada por alguma variação de velocidade durante o teste). 


Sem Pinox: 16,97 km por litro de gasolina


Com Pinox: 16,90 km por litro de gasolina


Todos os abastecimentos e registros no hodômetro do automóvel foram gravados para registro dos valores obtidos.


Falta no Brasil uma preocupação em certificar componentes e equipamentos no mercado de reposição. Fabrica-se e vende-se livremente qualquer produto, seja de empresa idônea, seja um ?fundo de quintal?. Na Europa, nada, mas nada mesmo é colocado à venda sem a aprovação de um órgão homologado pelo governo. O mais famoso é o TÜV na Alemanha: só se coloca no mercado um produto aprovado por ele. Curiosamente, o fabricante do Pinox exibe um certificado do TÜV. Mais curiosamente ainda, apesar de produzido na Áustria, país vizinho da Alemanha, ele foi buscar o documento no TÜV do Oriente Médio. No ?TÜV SÜD Middle East?. Enigmático, não?


Histórico dos Laureados


Relação da menos cobiçada premiação da imprensa automobilística brasileira...


2005 - Toyota (garantia de três anos do Corolla )


2006 - Oficinas ?empurroterapeutas?


2007 - Vectra GT (Não era Vectra, muito menos GT...)


2008 - Peugeot ?(mentira do 306 vencer Stock Car)


2009 - Pirelli ? (negou recall a pneus 17? do Vectra)


2010 - Caoa-Hyundai (Conar obrigou a tirar propaganda do ar)


2011 - Mantega (Mentiras do Ministro)


2012 - Effa (nº chassis alterado)


2013 - Civic (?ganhou? copa Petrobrás)


2014 - BMW Flex (só gasolina no start-stop)


2015 - Monroe (aqui 40 mil, nos EUA 80 mil)


2016 - Sindicom (cartel dos preços nos postos)


2017 - Nissan Frontier (suspensão Multilink)

Boris Feldman

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