Fisiologista destaca baixo número de lesões e vê Fortaleza em evolução física

Edson Palomares afirma que rendimento contra o Flamengo-RJ indica ascensão e aponta prevenção como fundamental para minimizar contusões

19:09 | Jan. 02, 2021

Jogadores do Fortaleza em treino do Fortaleza no Centro de Excelência Alcides Santos, no Pici (foto: Karim Georges/Fortaleza EC)

Com seis jogos marcados para janeiro - sendo quatro fora de casa -, a comissão técnica do Fortaleza vê o time em ascensão na parte física. De acordo com o fisiologista Edson Palomares, a retomada da intensidade em campo no empate sem gols com o Flamengo-RJ indica a recuperação dos atletas após maratona intensa no segundo semestre de 2020.

Após a eliminação da Copa do Brasil, no final de outubro, e uma brecha no calendário do Campeonato Brasileiro, com maior intervalo entre um jogo e outro, o Tricolor passou a ter semanas livres para recuperação e treinos. Palomares assegura que não houve influência no condicionamento físico pela troca de Rogério Ceni por Marcelo Chamusca ou pela mudança no esquema tático.

"Eu até lembro disso no ano passado (2019), em uma fase que não era essa, lá pelo meio de outubro, em que nós vivemos uma situação semelhante e que também tínhamos uma pontuação semelhante a essa. Eu fui questionado e falei: 'Agora, nós vamos começar a levantar o voo novamente'. Isso aconteceu no jogo contra o Flamengo. Uma equipe como o Flamengo, que é acostumada a finalizar 18 vezes, em média, em uma partida, contra o Fortaleza finalizou quatro vezes somente. Ou seja, nós conseguimos acompanhar uma das melhores equipes do futebol mundial. Isso realmente nos enche de satisfação. Acredito que a tendência agora é nós termos, pelo menos, a manutenção desse nível que recuperamos. A perda desse nível, anteriormente, não se deve ao fato de mudança de treinador ou de sistema de jogo, se deve simplesmente que os atletas chegaram a um ponto de fadiga porque passaram por uma maratona de jogos incrível. Fosse o antigo ou o atual treinador, a situação seria muito semelhante, até pelo número de atletas que temos. É algo que acontece inevitavelmente com todas as equipes e nós fizemos um planejamento para começar novamente agora a ter um acesso físico e fisiológico. Não tenho dúvida que a gente vai ter uma equipe bem diferente daquela que nós vimos nos últimos dois meses", cravou o fisiologista.

+ Calendário do Leão: confira os jogos do Fortaleza em janeiro
+ O que vem por aí, 2021: futebol cearense protagonista em muitas competições

A temporada atípica, inclusive, interfere na rotina dos atletas. Com a Série A de 2020 estendida até fevereiro, os atletas não tiveram férias em dezembro e ganharam apenas um recesso de dois dias para o réveillon. Neste início de ano, em vez de trabalhos de pré-temporada, terão pela frente a reta decisiva da competição nacional.

"Existe um aspecto muito importante, que é o psicológico. Quando você fala com o atleta de Natal, de Ano Novo, fala de um momento de férias, família, e isso não aconteceu. Nem conosco e nem com os atletas. É algo que realmente mexe, e a gente percebe. Hoje (sábado) tivemos o nosso reencontro, o treino foi dentro daquilo que nós esperávamos, em termos fisiológicos, mas, sem dúvida nenhuma, a gente percebe que era momento para estar descansando, pensando em uma nova temporada, e isso não aconteceu. Diferente da Europa, onde você tem um campeonato que inicia em um ano e conclui no ano seguinte, no Brasil isso nunca havia acontecido, com raríssimas exceções. Houve uma preocupação, eu conversei com todos os atletas, e eles diziam justamente que o que estava pegando não era perna pesada ou cansaço, mas a cabeça, porque não puderam ter aquele descanso, visitar a mãe ou pai, porque tiveram apenas dois dias e já temos um dos jogos mais importantes dessa primeira quinzena", ponderou Edson Palomares.

Apesar da sequência de jogos e do calendário alterado, porém, o departamento físico do Leão comemora o baixo número de lesões na atual temporada.

"As lesões são inevitáveis, sabemos que é um esporte de alto rendimento e o contato é presente o tempo todo, mudança de direção. Mas o que nós temos que evitar é que ela aumente, se agrave e tire o atleta dois, três meses do cenário. Isso não é interessante nem para nós, nem para o atleta. É prejuízo para todos os lados. Na verdade, essa tem sido a nossa preocupação. Felizmente, nos três últimos anos, a gente vem diminuindo cada vez mais esse índice, chegando a um índice muito baixo esse ano, mas não tenho dúvida que nós seremos a equipe que terá o menor número de lesionados", apostou Palomares.

Na 14ª posição, com 31 pontos, o Fortaleza volta a campo diante do Sport-PE, na próxima quarta-feira, 6, às 20h30min, na Ilha do Retiro, em Recife, pela 28ª rodada do Brasileirão.