Ceará e Fortaleza têm interesse em linha de crédito bancária, mas sem a condição de virar clube-empresa

Presidentes de Ceará e Fortaleza admitem necessidade de auxílio financeiro, mas não dentro das condições discutidas atualmente

16:23 | Abr. 19, 2020

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, e Robinson de Castro, mandatário do Ceará (foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo)

Uma discussão na Câmara dos Deputados, iniciada na Frente Parlamentar Mista do Esporte, pode criar uma linha de crédito em bancos públicos para socorrer os clubes de futebol em meio a crise gerada pelo coronavírus. Já foi feita, inclusive, uma videoconferência com dez dos vinte clubes que disputam a Série A do Brasileiro para debater o assunto.

A apuração é do jornalista Paulo Vinícius Coelho, do Globoesporte. Ele informa também que nesta semana uma nova videoconferência vai acontecer para seguir com o debate. Sabe-se que contrapartidas serão exigidas aos clubes para que possam pegar dinheiro dos bancos públicos com condições especiais e a ideia é que as equipes tenham que se transformar em clube-empresa para ter direito.

O Esportes O POVO procurou os presidentes de Ceará e Fortaleza para saber se eles estão participando desse debate e se possuem interesse em uma linha de crédito para o momento. Ambos disseram que não estiveram na videoconferência (que não foi promovida pela CBF, mas pelo deputado federal Júlio César Ribeiro - PRB/DF, que é presidente da frente parlamentar envolvida), mas que se interessam pelo apoio financeiro, porém não na condição de virar clube-empresa.

“Acho errado, não a linha de crédito, mas condicionada a virar clube-empresa. Sou contra qualquer obrigatoriedade de virar clube-empresa, o time vira se quiser, não de forma obrigatória, é um oportunismo querer obrigar”, disse o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.

A condição também é criticada pelo presidente do Ceará, Robinson de Castro. O dirigente diz que ter a obrigatoriedade de virar clube-empresa inviabiliza a transação. “Como clube-empresa, não, mas se tiver uma linha de crédito para clubes de futebol, nós temos interesse. Temos que gerar alternativas de financiamento para nossas despesas. Ou é capital próprio, que as receitas estão caindo, ou é capital de terceiros, que são bancos”, explica.

Os dirigentes de Vovô e Leão acreditam que Governo Federal e CBF poderiam discutir o tema e desenvolver uma linha de crédito mais abrangente. Robinson de Castro revelou que nas reuniões entre os clubes das Séries A, B e C já se buscam “alternativas, junto ao Governo Federal, para viabilizar a funcionalidade dos clubes nesse período. Um dos pleitos é o financiamento”, disse.

Paz concorda com saída financeira de tomada de empréstimos (ou financiamento) e cita o Flamengo como exemplo. “Seria bom que o Governo Federal ou que a própria CBF conseguisse algum tipo de aval para que os clubes pudessem pegar uma linha de crédito. É uma necessidade, os clubes estão passando por dificuldades e o Flamengo é a maior prova disso, que é clube mais rico do Brasil (e pegou empréstimo de R$ 50 milhões)”, concluiu.

(com informações de Iara Costa, especial para O POVO)