Prass dá tempo limite de espera por Estaduais, diz ter ficado surpreso com Enderson e elogia Ceará

Goleiro falou também sobre a negociação de dívidas dos clubes com os jogadores

21:27 | Abr. 02, 2020

Fernando Prass foi contratado pelo Ceará no início de 2020 (foto: FÁBIO LIMA/O POVO)

Voz de mais experiência no atual elenco do Ceará, o goleiro Fernando Prass concedeu entrevista ao jornalista Alexandre Praetzel, no YouTube, na noite desta quinta-feira, 2. O camisa 1 do Vovô falou sobre a continuidade dos Estaduais, os acordos entre dirigentes e atletas quanto ao pagamento de salários durante o período de bola parada, a saída de Enderson Moreira e outros assuntos.

Assim como para os dirigentes, a Série A do Campeonato Brasileiro é menina dos olhos para o goleiro. Questionado se os certames locais deveriam ser encerrados agora, sendo declarado campeão o time que está na liderança - no caso do Campeonato Cearense seria o Ferroviário -, Prass cita peculiaridades do Estadual que disputa e diz que ainda há tempo para esperar, mas impõe um limite.

“Aqui (no Campeonato Cearense) tem uma distorção muito grande por causa da Copa do Nordeste, então para alguns times faltam dois jogos, para outros três, não tem o mesmo número, É muito cedo (para encerrar), a gente tem que esperar no mínimo até o fim de abril ou começo de maio para ver se até lá tem uma situação mais clara do que pode ser o calendário. Se não voltar a até o meio de maio ou junho, é impossível, porque ninguém vai ser hipócrita de achar que (os clubes) vão querer sacrificar parte do Brasileiro, mudando a fórmula para terminar os Estaduais”, avalia Prass.

O arqueiro ressaltou ainda a dependência que a maioria dos clubes brasileiros têm das cotas de TV e acredita que se a Série A mudar de formato, pode acabar gerando renegociações e mais prejuízos.

Prass falou também sobre os acordos individuais entre os dirigentes de cada clubes e seus atletas. O goleiro achou o caminho mais sensato e fez questionamentos à proposta coletiva dos clubes, considerada por ele como apressada. “Eu só discordei, nessa negociação toda, que com cinco dias os clubes conseguissem fazer um prognóstico do déficit orçamentário que iam ter. Chegaram no número de 25% e todos os times do Brasil precisavam disso. Então a gente não aceitou a totalidade do acordo. Nosso proposta era aceitar as férias em abril e no fim do mês, quando os clubes já vão ter noção da relação com os patrocinadores, quem vai atrasar, quem não vai, quem vai precisar reduzir e quando se terá uma noção de inadimplência no programa de sócios-torcedores, aí vão poder conversar com CBF e TV. CBF vai se posicionar sobre o calendário, que vai definir o pagamento das cotas, que é a maior fonte de receitas dos clubes.Depois disso cada clube negocia sua necessidade”, explica o ídolo palmeirense.

Especificamente sobre o Ceará, duas perguntas chamaram atenção. A primeira foi sobre a saída de Enderson Moreira e chegada de Guto Ferreira. Prass disse que não estranhou a vinda do novo comandante, mas ficou surpreso com a escolha de Enderson. “Pelo pouco tempo que tinha (pouco mais de um mês) e pelo que o trabalho estava surtindo efeito, estávamos conseguindo encaixar peças, sistema de jogo, em franca evolução e agora vai para o terceiro técnico, isso dificulta as coisas”, disse.

O goleiro falou também sobre o atual momento do Ceará, quanto a organização e estrutura física. “Eu nunca tinha trabalhado aqui, mas encontrei um clube que está se modernizando e se estruturando. É um clube que está em constante evolução, estou tentando ajudar também. Financeiramente, não tem dívidas, isso no Brasil é único. Agora está em um momento de investimento no futebol, tanto que tem o maior orçamento da história esse ano, e em estrutura física”, analisou.