Torcedor investidor: 48 milhões de brasileiros comprariam ações de clubes na bolsa
A pesquisa é da CBF Academy em parceria com a AtlasIntel, que indicou que cerca de 3,8 milhões de brasileiros estariam dispostos a investir mais de 5 mil reais neste tipo de modelo
14:45 | Nov. 24, 2025
Uma pesquisa intitulada “Perfil Demográfico da Torcida Brasileira de Futebol”, lançada pela CBF Academy em parceria com a AtlasIntel, mapeou em profundidade o comportamento, o consumo e a relação econômica da população com o futebol brasileiro. Segundo o relatório, 23,5% dos torcedores afirmam que investiriam em ações de clubes caso fossem ofertadas no mercado de capitais.
Isso é equivalente a aproximadamente 48 milhões de brasileiros. O estudo indica que a entrada dos times na bolsa de valores pode redesenhar o modelo de financiamento no futebol. De acordo com a análise de Marcelo Rotenberg, diretor de Políticas Públicas na AtlasIntel, essa iniciativa poderia ser um pilar para transferir “parte dos gastos dos brasileiros com as bets em investimentos diretos nos clubes”.
“Isso seria um novo atrativo para os clubes se capitalizarem, uma superampliação do número de pessoas na bolsa e uma forma também de transferir parte dos gastos que os brasileiros têm feito nas bets para investimentos diretos nos clubes”, disse Marcelo Rotenberg.
Hoje, o país possui cerca de 5 milhões de investidores pessoa física. A entrada dos clubes na B3 poderia multiplicar por até dez esse universo, conectando o futebol a uma nova fronteira de governança, transparência e participação popular. Entre os 48 milhões dispostos a investir, cerca de 3,8 milhões (8,2%) de brasileiros estariam dispostos a investir uma quantia superior a R$ 5.000,00.
A pesquisa também revelou que 69,5% dos torcedores não gastam nada por mês com futebol, apesar do alto engajamento com jogos e conteúdos, e que o impacto digital supera a presença física, com 38,6% dos torcedores acompanhando com alta frequência o clube nas redes sociais, enquanto 63,8% quase nunca vão ao estádio.
Para onde iriam os investimentos?
O gráfico revela que a maior disposição de investimento dos torcedores se concentra em um grupo de seis (G6) clubes que lideram com folga o interesse financeiro. O Flamengo aparece no topo, com 43,3% dos entrevistados declarando que comprariam suas ações, seguido por Palmeiras (37%) e Bragantino (35,7%), que formam o trio mais atrativo entre potenciais investidores.
Logo depois, surgem São Paulo (32,8%), Fluminense (32,7%) e Botafogo (30,5%), consolidando esse bloco dos seis clubes com maior potencial de captação no mercado acionário. Esses resultados mostram que a intenção de investimento não apenas acompanha o tamanho da torcida, mas também a percepção de gestão, estabilidade esportiva e imagem institucional.
Apoio ao modelo de SAFs no futebol brasileiro
A pesquisa mostra que a torcida brasileira está dividida quanto à transformação dos clubes em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). De acordo com os dados, 36,4% dos torcedores são favoráveis à mudança, enquanto 27,1% são contrários. Um contingente ainda maior, 36,5%, declara não saber se apoia ou não o modelo — sinalizando que grande parte da população ainda não compreende plenamente o que a SAF representa ou quais seriam seus impactos na gestão e no desempenho dos clubes. O equilíbrio entre apoio, rejeição e incerteza sugere que o debate público sobre as SAFs ainda está em consolidação no país.