Nápoles chora a morte de Maradona, o "rei" da cidade italiana

Argentino levou o Napoli aos dois únicos títulos italianos da história do clube. Estádio da cidade terá o nome mudado de San Paolo para Diego Armando Maradona

17:51 | Nov. 25, 2020

Pessoas usando uma máscara facial estão no chamado Canto Maradona no topo do Quartieri Spagnoli em Nápoles em 25 de novembro de 2020, enquanto as pessoas se reúnem lá para lamentar o anúncio da morte da lenda do futebol argentino Diego Maradona. - A lenda do futebol argentino Diego Maradona morreu aos 60 anos, anunciou seu porta-voz em 25 de novembro de 2020. (Foto de Carlo Hermann / AFP) (foto: Carlo Hermann / AFP)

Nápoles chora nesta quarta-feira pela morte de Maradona, seu "rei", seu ídolo, que na década de 1980 elevou a autoestima de uma das cidades mais pobres da Itália com seu gênio e alegria.

"Adeus, rei do futebol", esta despedida está escrita em vários anúncios fúnebres com os quais os torcedores cobriram a cidade para divulgar sua morte na Argentina, aos 60 anos, por conta de uma insuficiência cardíaca.

"Ele era o rei, uma parte da cidade morre, ele era o coração e a mente", comentou Gianni, um barista da praça central do Plebiscito, em entrevista à emissora de televisão RaiNews.

LUTO MARADONA: Sinalizadores e homenagens! Torcedores em Nápoles se despedem aplaudindo o ídolo argentino

Centenas de torcedores compareceram ao bairro central Quartieri Spagnoli em frente ao mural gigante de Maradona com a camisa azul número 10 para homenagear o jogador que é como "São Gennaro, santo padroeiro, figura imortal".

Flores, velas, bilhetes começaram a ser depositados em frente ao mural, apesar da cidade estar sob confinamento devido ao alto número de casos de covid19.

"Para sempre. Ciao Diego", publicou o Napoli em suas redes sociais após saber do falecimento do ex-jogador.

Um pouco depois, o clube napolitano divulgou uma segunda mensagem acompanhada de uma fotografia de Maradona com a camisa da equipe: "Todos esperam nossas palavras, mas quais palavras podemos usar para expressar uma dor como a que sentimos? No momento, é hora das lágrimas, então chegará a hora das palavras ".

E é justamente a dor, as lágrimas, a tristeza, o carinho que reinam na cidade, com as quais o gênio do futebol argentino manteve um vínculo único, após passar sete anos quando era o melhor jogador do mundo.

Cidade órfã 

"Um pedaço de nós está indo embora", confessou Ivan Zazzaroni, diretor do jornal esportivo Corriere dello Sport, emocionado, com a voz embargada diante das câmeras da televisão pública.

"Nunca imaginei me despedir de Maradona", reconheceu Enzo Cucchi, outro renomado jornalista esportivo.

O prefeito da cidade do sul da Itália, Luigi de Magistris, que decretou um dia de luto na quinta-feira, acolheu o pedido de milhares de napolitanos para batizar com o nome do ex-jogador o estádio de Nápoles, sua segunda cidade depois de Buenos Aires.

"Morreu Diego Armando Maradona, o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Diego fez sonhar o nosso povo, redimiu Nápoles com sua genialidade. Em 2017 tornou-se nosso cidadão de honra. Diego, napolitano e argentino, vocês no deu alegria e felicidade! Nápoles te ama!", escreveu o prefeito no Twitter.

"Maradona não morreu. Ele só foi jogar como visitante", reagiu o cineasta italiano Paolo Sorrentino, que desde a infância nutre uma verdadeira adoração pelo campeão argentino.

Sorrentino também acaba de terminar seu novo filme, rodado em Nápoles, intitulado "Foi a mão de Deus", uma homenagem à seu time e ao ídolo argentino. A história de Maradona com o Napoli começou em 1984 e até hoje tem sido uma relação incondicional. A estrela argentina jogou pelo clube local entre 1984 e 1991, uma fase apaixonante marcada por sua recepção, na qual 70.000 torcedores foram ao estádio para dar as boas-vindas, e pela conquista de dois campeonatos italianos (1987 e 1990) e da Copa da Uefa de 1989.

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