Clubes preparam ação coletiva em resposta à Turner; Governo Federal pode ser acionado

Grupo norte-americano reclama de descumprimento de cláusulas, mas clubes acham rompimento de contrato excessivo

21:20 | Abr. 10, 2020

Leandro Carvalho, do Ceará, e Mariano Vázquez, do Fortaleza, no único Clássico-Rei com público em 2020 (foto: Julio Caesar / O POVO)

A notificação que a Turner enviou aos oito clubes da Série A do Brasileiro com quem mantém contrato para transmissão exclusiva de jogos na TV fechada não foi bem recebida pelas equipes. Segundo o portal UOL, Athletico-PR, Bahia, Ceará, Coritiba, Fortaleza, Internacional, Palmeiras e Santos consideraram a possibilidade de rescisão de contrato algo excessivo e desproporcional.

Por esse motivo, os clubes estariam preparando uma resposta coletiva, que pode até envolver o Governo Federal, em busca de providências contra a empresa. Os departamentos jurídicos das equipes estão trabalhando em conjunto para ter uma reação caso a Turner siga o caminho do rompimento de contratos. Os vínculos com o grupo norte-americano são válidos até 2024, o que coloca em jogo em montante de mais de R$ 2 bilhões.

A Turner reclama que os clubes teriam desobedecido uma série de cláusulas contratuais e por isso enviou uma notificação a todos no dia 3 de abril, convocando uma reunião. Segundo o portal Máquina do Esporte, uma videoconferência foi marcada para a última quinta-feira, 9.

A programadora norte-americana teria como principal contestação o fato dos clubes terem solicitado para que seus jogos não fossem transmitidos para as praças em que aconteciam, devido uma cláusula redutora no contrato de TV aberta com a Globo, quando, na verdade, o vínculo com a Turner limita que apenas seis jogos dos times que com ela assinaram poderiam passar na TV aberta para a praça de origem, a fim de garantir menor concorrência.

O descumprimento desta cláusula teria impactado nos números de audiência e desagradado a Turner. O grupo que era dono do antigo Esporte Interativo também estaria incomodado com as críticas públicas que alguns dirigentes teriam feito contra a programadora, o que, no entendimento deles, fere o termo de confidencialidade. O Fortaleza é um dos clubes, por exemplo, que reclamou publicamente por ter um contrato inferior, em termos financeiros, aos demais sete clubes, que dividiam um bolo muito maior (são R$ 14 milhões a menos para o Leão).

O Esportes O POVO procurou representantes de Ceará e Fortaleza, mas nenhum quis falar por questões de confidencialidade. Em nota, a Turner afirma que “Há certas obrigações que deseja reforçar, incluindo compromissos assumidos pelos clubes que são essenciais para que a Turner crie um modelo de negócios sustentável". A programadora não fala sobre a possibilidade de romper contratos.