Colômbia lembra Chapecoense, time que perdeu as asas na montanha
17:56 | Nov. 28, 2017
O time, que em 2009 disputava a quarta divisão, voava para disputar a primeira final continental contra o Atlético Nacional de Medellín, pela Copa Sul-americana. Às 22:10h, o voo 2933 da companhia aérea LaMia desapareceu quando estava perto de aterrizar no aeroporto internacional de Rionegro, que serve a cidade de Medellín. O avião que tinha saído da Bolívia caiu no Cerro El Gordo, localizado a 2.600 metros de altitude dentro do município de La Unión.
"A glória estava próxima. A tragédia apagou esse sonho", afirmou Andrés Botero, presidente do Nacional de Medellín. O atual campeão do futebol colombiano, que cedeu o título de campeão da Sul-americana 2016 à Chapecoense, organizou a homenagem que incluiu um minuto de silêncio. Enquanto os helicópteros deixavam cair as pétalas, os nomes das vítimas foram lidos e imortalizados em uma placa.
Além disso, o Nacional entregou lápis e papel para os assistentes escreverem mensagens de solidariedade à Chape e depositarem na "cápsula do tempo", que será aberto daqui a 40 anos. "Meus amigos chapecoenses nunca serão esquecidos", disse Botero, que anunciou que um mural será dedicado à tragédia no estádio Atanasio Girardot, onde a decisão da Sul-americana seria realizada. Além dos dirigentes, três jogadores assistiram o ato. Ainda sem conclusões, as investigações revelaram que o avião viajava com pouco combustível e sobrepeso. O falecido piloto foi responsabilizado e dezenas de funcionários da companhia aérea e do Estado estão presos na Bolívia.
Mais homenagens
Após a homenagem em La Unión, uma missa vai ser realizada no monte que agora leva o nome da Chapecoense. No caminho da montanha, Luis Albeiro Valencia, de 53 anos, levantou um monumento em seu terreno lembrando o acontecido em La Unión há um ano. No alto de uma vara está a réplica em madeira do avião, ao lado de duas colunas de ladrilho. Uma delas está coroada com a roda do trem de aterrizagem e a outra com uma bola vazia.
Os últimos objetos, garante Valencia, foram conseguidos por sua ajuda nos trabalhos de resgate. "Isto é para lembrar, para que não nos esqueçamos deles. Porque com o tempo todos se esquecerão deste morro", disse à AFP este agricultor. No Brasil, o Furacão do Oeste decidiu não realizar nenhum ato em "respeito aos que ficaram e pelas boas lembranças", mas abriu as portas da Arena Condá para os visitantes. O estádio tem um espaço especial para orações.
Além disso, o túnel que conecta os vestiários ao gramado será decorado com imagens dos membros do time envolvidos no acidente comemorando vitórias. O estádio também vai acolher a vigília de "algumas luzes que nunca se apagam", organizada pela Diócese de Chapecó. Depois, os presentes vão partir em procissão até a catedral de São Antonio, onde vai ser realizada um ato religioso. Os sinos soarão na hora exata do acidente.
O renascer
Após o golpe há um ano, a Chapecoense precisou encarar dolorosa reconstrução marcada por altos e baixos. O time conseguiu se manter na elite do futebol brasileiro para o ano de 2018, objetivo principal da temporada, conquistou o campeonato catarinense e ainda pode beliscar uma vaga na Libertadores. Dos três jogadores que sobreviveram, apenas o lateral Alan Ruschel voltou a jogar com o time, após recuperação quase milagrosa.
Enquanto o goleiro Jackson Follmann perdeu a perna direita, o zagueiro Neto, último dos sobreviventes a ser resgatado, ainda está em recuperação. A volta aos gramados está prevista para o ano que vem. Os outros dois que se salvaram da morte, a comissária Ximena Suárez e o mecânico Erwin Tumiri, retomam suas vidas pouco a pouco na Bolívia. A primeira atua como modelo e dá palestras motivacionais. Quase todos voltaram a voar. (AFP)