Final de Vale Tudo tem erros, acertos e até ressuscitação
Sucesso de audiência e repercussão nas redes sociais, remake de "Vale Tudo" encerra com surpresa sem sentido, como era de se esperar
00:50 | Out. 18, 2025
“Odete Roitman sempre volta!”, assim terminou o remake da novela “Vale Tudo” no capítulo desta sexta-feira, 17, causando ora tédio e ora surpresa para quem acompanhou a trama. O episódio, que durou mais de 1h30min na programação da TV Globo, foi intercalado por dezenas de publicidades e só realmente causou empolgação nos minutos finais do desfecho, ainda que sem razão lógica.
Se antes a dúvida era quem matou Odete Roitman, agora a pergunta que fica é: como foi a ressuscitação da vilã? Até mesmo os telespectadores mais conspiracionistas acharam que bilionária teria uma justifica melhor para escapar da morte, como um colete de bala. Afinal, quem não andaria com esse tipo de acessório no Copacabana Palace?
Um dos comentários que repercutiu na rede social X (antigo Twitter) após o fim da novela dizia “esse capítulo poderia ter sido um e-mail”. De fato, o remake de “Vale Tudo” encerrou exatamente da mesma forma como foi construído ao longo dos meses: confuso, vagaroso, bagunçado e cheio de publicidades. Débora Bloch estrelou mais campanhas comerciais como Odete ao longo da última semana do que Ivete Sangalo fez de tintura de cabelo até então.
O desfecho da novela começou tediosamente com longos diálogos entre personagens secundários e desinteressantes. Acompanhamos, por exemplo, um interminável debate acerca da ética e moral no Brasil em uma cena estrelada por Ivan (Renato Goés) e Bartolomeu (Luis Melo), que gerou uma sensação que a trama precisava lembrar qual realmente era teu tema antes de acabar. Mas ninguém se importou.
Outro estranhamento de roteiro foi o casamento de Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings): elas já não eram casadas? Por que em nenhum momento anterior o assunto desse matrimônio veio a tona? As personagens estavam tão esquecidas na história que dar visibilidade ao casal aleatoriamente no fim da novela pareceu uma tentativa de reparar o erro.
Assim como elas, Tiago (Pedro Waddington) também tentou sua redenção e bateu recorde de tempo de tela no final de “Vale Tudo”, pois em quase todas as cenas sua figuração estava presente. Provavelmente, o ator matou a saudade do projac da Globo nos últimos dias de gravação.
Apesar de tudo, “Vale Tudo” teve bons encerramentos também. Fátima, de Bella Campos, não teria como terminar presa ou pobre porque sempre foi a mais esforçada da novela, mesmo que por caminhos tortuosos.
Sem apego a maternidade, mal esperou a alta hospitalar para entregar seu filho a adoção e arranjar outro homem rico para se aproveitar. A novela, mesmo com erros, não caiu na ingenuidade de dar um ultimato negativo a uma golpista profissional. Fora da ficção, a antagonista jamais terminaria mal.
Marco Aurélio (Alexandre Nero) também não terminou mal. Ele e Leila (Carolina Dieckmmann) quase fugiram do Brasil, mas precisaram ser pegos pela polícia para fazer a melhor paródia da realidade feita em toda novela.
O casal foi condenado à prisão domiciliar, dentro de sua mansão e com todos os luxos da alta sociedade. No caso da loira, ela ainda comprou uma bolsinha sob medida para seu novo aparelho digital. E foram felizes para sempre.
Raquel (Taís Araújo) casou e assumiu a guarda do filho de Fátima. Nada mais que isso. Uma despedida fofa e sem graça da personagem, que, ao longo de toda novela, foi exatamente dessa mesma forma: desprestigiada.
Ademais, Freitas (Luis Lobianco) conseguiu comprar sua pousada no nordeste. Finalizamos a trama sem saber em qual cidade, mas pareceu um bom lugar. Espero que seja no Ceará.