Motorista de aplicativo usa cartaz para explicar síndrome e viraliza: 'viagens ficaram tranquilas'

A resposta dos passageiros após a colocação dos informativos foi positiva e a qualidade das corridas aumentou de forma inesperada

20:53 | Jan. 26, 2022

O motorista ficou 15 dias sem poder trabalhar por estar bloqueado e acredita que o motivo tenha sido a sua síndrome. (foto: Reprodução / Arquivo Pessoal )

Após ter ficado 15 dias sem poder trabalhar, o motorista de aplicativo Antonio Luiz, de 44 anos, resolveu colocar um cartaz no carro para informar os passageiros que ele é portador de uma síndrome rara, de Tourette. Conhecida por afetar 1% da população mundial (cerca de 79 milhões de pessoas), esta síndrome tem como característica tiques involuntários súbidos e repetitivos e, por este motivo, o homem acredita que ficou sem poder rodar na Uber.

E já que o bloqueio imposto pela empresa de transporte não tem causa explícita, Antonio resolveu colocar um cartaz atrás dos bancos explicando que os movimentos e sons que emite, na verdade, são involuntários e ocasionados pela síndrome que possui desde os oito anos de idade.

"Sou casado, pai de um garotinho, dirigo desde 97, caminhão, carro de passeio, moto. Faço todos os exames de renovação de habilitação e trabalho como motorista de aplicativo há anos", inicia o homem no cartaz de apresentação. "Porém, tenho uma síndrome conhecida por Tourette, (...) que faz com que eu tenha movimentos involuntários como tiques, nos olhos, boca, ombros e às vezes sons. Estou te informando para que você fique tranquilo, pois não se trata de nada grave", explica o motorista.

O caso foi publicado no LinkedIn por um passageiro há 1 mês e viralizou nas redes sociais nos últimos dias. No post em seu perfil, o desing de embalagens, Carlos Oliveira, disse que em 15 minutos aprendeu com Antonio mais do que em toda a vida sobre inclusão e respeito. A publicação conta com mais de 65 mil curtidas e 626 comenttários.

Segundo Antonio, em entrevista concedida ao site Uol, a resposta dos passageiros após a colocação dos informativos - realizada há três meses - foi positiva e a qualidade das corridas aumentou de forma inesperada. E as perguntas preocupadas dos viagentes a cerca do seu estado de saúde, depois que ele apresentava algum tique, desapareceram.

"As viagens ficaram bem mais tranquilas depois que eu coloquei o aviso. A gente vai conversando e as pessoas vão me contando as histórias delas, umas que têm a síndrome, outras que conhecem quem tem. Virou uma via de mão dupla", comemorou em declaração à reportagem.

Situações de desconforto - como as que Antonio enfrentava durante as viagens após a pergunta dos passageiros - podem ocasionar agravamento nos tiques. Por outro lado, quando há acolhimento e compreensão, o gatilho funciona de forma inversa, amenizando-os, conforme relarou o trabalhador.