Ao contrário do que afirmou deputada do PSL, Butanvac será testada em pessoas não vacinadas

Instituto Butantan nega alegações da deputada estadual Janaina Paschoal, que levantou dúvidas e desconfiança sobre a eficácia dos testes da vacina desenvolvida pelo Instituto contra Covid-19

14:53 | Jul. 21, 2021

Testes clínicos da ButanVac são iniciados hoje em Ribeirão Preto (foto: ARQUIVO)

”Como saber se a Butanvac é efetiva, se testarão em pessoas já vacinadas? Assim fica fácil!”, publicou a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) em suas redes sociais na última terça-feira, 20. O comentário levanta dúvidas e desperta a desconfiança da eficácia dos testes da vacina brasileira desenvolvida pelo Instituto Butantan, a Butanvac. A fala da deputada contradiz a informação dada pelo Instituto.

"Nesta fase inicial, o estudo envolve 418 voluntários com mais de 18 anos, que não foram vacinados e que não tiveram Covid-19". O Butantan iniciou a etapa “A” de testes da vacina brasileira com pesquisa que visa avaliar a segurança e a quantidade de doses necessárias para garantir uma maior imunidade ao vírus.

No início deste mês de julho, o imunizante nacional contra a Covid-19 teve aprovação da Anvisa para iniciar seus testes em pessoas. O estudo para medir a segurança e a eficácia da vacina será conduzido inicialmente em um grupo de voluntários não vacinados. Os estudos são coordenados pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto. 

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Segundo o Governo de São Paulo, inicialmente, o estudo clínico vai avaliar se a vacina é segura. Em um segundo momento, será estudada a resposta imunológica que os participantes do estudo podem desenvolver.

Como saber se a Butanvac é efetiva, se testarão em pessoas já vacinadas? Assim fica fácil! Eu só não entendo o fogo com uma nova vacina e o abandono do soro, que pode curar doentes! Parece que o intuito é ter um produto a mais para vender do que salvar vidas! Triste!

— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) July 20, 2021

Em uma fase posterior, a pesquisa deve avaliar a eficácia da Butanvac em comparação com a Coronavac, o que permite que voluntários já tenham recebido doses de outras vacinas em uso no Brasil sem prejuízo dos resultados do estudo. Butanvac deve ser testada em pelo menos cinco mil pessoas, afirma Dimas Covas, diretor do Instituto, à Folha.

Soro contra Covid

 

Além de comparar de forma equivocada as vacinas, a deputada estadual defende o desenvolvimento de um soro contra a Covid-19: "Quanto custará a Butanvac aos cofres públicos? Quanto custaria o soro? Quanto custam os ensaios com a Butanvac aos cofres públicos? Quanto custariam os ensaios com o soro?" em resposta à jornalista Vera Magalhães. 

Conforme informações divulgadas pelo Butantan, caso o soro contra o vírus passe por testes clínicos, o produto servirá para tratar pessoas já infectadas. Já a vacina tem a finalidade de prevenir o adoecimento quando a pessoa entra em contato com o vírus.

Durante a discussão, a apresentadora do Roda Viva, Vera, respondeu à deputada: "Deputada, por que a senhora acha tão ruim priorizar vacina, que pode evitar que a pessoa adoeça, a um soro, que, se eficaz, trata a pessoa já doente? Soro ainda não avançou no mundo. Vacinas temos várias sendo aplicadas, em tempo recorde".