Familiares carregam corpo de idosa por 25min por causa de estrada em obras

O caminho até o cemitério não possui iluminação pública e a dor da perda se misturou a revolta dos familiares

12:05 | Set. 04, 2020

Estrada que dá acesso a cemitério para vítimas da Covid-19 em Areal, RJ, é de difícil acesso (foto: Arquivo pessoal)

Maria Luiza dos Santos Tocalino tinha 75 anos quando morreu em decorrência de Covid-19 na última terça-feira, 1º, em Vassouras, no Sul do Rio de Janeiro. O corpo da idosa foi levado para ser enterrado em sua cidade natal, mas a família teve que carregar o caixão por trajeto de 25 minutos no escuro em uma estrada de terra batida, com pedras, buracos e muito barro.

O caminho até o cemitério não possui iluminação pública e a dor da perda se misturou à revolta dos familiares. "Um momento de muito dor, que a gente fica desolado. [...] A gente só queria enterrar a minha avó com o mínimo de dignidade. [...] Eu resolvi divulgar a história da minha família para nenhuma família ter que passar por isso", afirma ao G1 a neta da idosa, Livia Godoy.

Moradora de Areal, o corpo da idosa foi levado para ser enterrado na cidade natal na última quarta-feira, 2.O familiares receberam, entretanto, a informação de que quem morre por Covid-19 só pode ser enterrado no cemitério de Cachoeirinha, e não no cemitério da Fazenda Velha, que fica perto do centro da cidade. O enterro que devia começar às 15 horas, teve início às 18h20min.

Com a ajuda do motorista do carro da funerária, os parentes levaram o corpo da idosa pela estrada de difícil acesso. Às luzes de celulares, Maria Luiza foi enterrada já perto das 19 horas.

Em nota, a Prefeitura de Areal disse que a ladeira está passando por uma reforma, e que houve atraso por parte da funerária, com isso o corpo chegou no início da noite e a empresa que está fazendo a obra deixou o material no meio do caminho. A Prefeitura afirmou ainda que lamenta o ocorrido e se solidariza com a família.