Apesar de casos registrados, nada garante que felinos transmitam Covid-19

Especialistas recomendam cautela com a saúde de todos os animais, mas reforçam que nenhuma pesquisa científica comprova transmissibilidade entre eles e humanos

13:06 | Abr. 08, 2020

Esta foto do folheto divulgada pelo zoológico do Bronx da Wildlife Conservation Society em 5 de abril de 2020 mostra o tigre malaio Nadia que deu positivo para o Covid-19. - Um tigre do zoológico do Bronx, em Nova York, deu positivo para o COVID-19, informou a instituição no domingo, e acredita-se que tenha contraído o vírus de um zelador que era assintomático na época. (Foto de JULIE LARSEN MAHER / Wildlife Conservation Society / AFP) (foto: JULIE LARSEN MAHER / Wildlife Co)

Muitas pesquisas e registros têm apontado a aparente tendência de felinos a contraírem o Sars-Cov-2. Nesse domingo, 5, o caso da tigresa Nadia, de um zoológico de Nova York, repercutiu por ela ter dado positivo para o novo coronavírus e ter apresentado alguns sintomas leves, como tosse seca e falta de apetite. No entanto, é preciso ter cautela antes de afirmar que os animais transmitem o vírus.

Em nota, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) explica que os casos de felinos positivos para o Sars-Cov-2 são, estatisticamente, isolados. Isso significa que não existem dados o suficiente para a ciência afirmar que os animais representam “fonte de infecção significativa, com potencial de disseminação da doença”.

Isso porque existe uma “grande diferença” entre um animal contrair o vírus e transmiti-lo. O fato de o Sars-Cov-2 ser identificado no organismo dos felinos somente significa que eles tiveram contato com o vírus, mas não quer dizer que eles são capazes de transmitir para humanos.

“Os estudos, até o momento, não indicam que haja transmissão de cães e gatos para seres humanos. A forma comprovada de disseminação é de pessoa para pessoa, tanto que organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), não indicam testagem para animais domésticos, pois isso só confunde a população e desvia o foco das ações que realmente devem ser tomadas”, afirma em nota Zacchi, assessor técnico da CFMV.

A nota do Conselho vem também de uma posição de preocupação, já que, aparentemente, surgiram casos de abandono de animais pelo medo de contrair a Covid-19. “Não há motivo para pânico, muito menos para que se abandone animais sob pretexto de proteger-se do novo coronavírus”, reforça.

Cuidados com os animais

Apesar de nada confirmar a transmissibilidade de felinos para humanos, é essencial que os tutores tomem os devidos cuidados com os animais. A ideia é proteger tanto a saúde deles, quanto a dos humanos.

O CFMV e o OIE orientam que animais domésticos não devem ter contato com pessoas infectadas. “O tutor infectado, ao espirrar ou tossir, poderá espalhar partículas com vírus na pelagem do animal. Se o pelo estiver contaminado e outra pessoa o tocar, não há garantia de que não haverá transmissão”, afirma Zacchi.

Para aqueles animais que precisam sair para fazer as necessidades na rua, os órgãos recomendam a higienização das patas do bichinho ao voltar. Ainda, enquanto estiverem em ambiente externo, a distância entre pessoas a partir de dois metros deve ser respeitada.

Também são cuidados essenciais lavar as mãos sempre que tocar os animais, mantê-los dentro de casa e delegar os cuidados deles a pessoas que não estejam doentes.