Anvisa regulamenta plasma para tratamento experimental da Covid-19; eficácia ainda é imprecisa
O plasma, parte líquida do sangue, tem apresentado resultados positivos para o tratamento da Covid-19; no entanto, experimentos não têm rigor científico
10:45 | Abr. 06, 2020
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou o uso do plasma convalescente para tratamento da Covid-19. Plasma convalescente é a parte líquida do sangue doado por pessoas que se recuperaram do novo coronavírus. Nele, encontram-se anticorpos que poderiam combater a infecção.
Isso não significa que o plasma seja a cura para a Covid-19. A Anvisa reforça que estudos científicos têm apresentado resultados “promissores”, mas que são pesquisas não controladas e com tamanho limitado de amostras. Ou seja, os resultados são insuficientes e incertos.
Dessa forma, o objetivo do órgão com a autorização é apoiar pesquisas de possíveis tratamentos com o hemocomponente e contribuir para a investigação mundial sobre a doença. A Nota Técnica nº 19/2020 da Anvisa orienta sobre as medidas de segurança e cumprimento de diretrizes éticas a serem cumpridas durante a fase de experimentações com o plasma convalescente.
Os pacientes só podem ser tratados com o plasma se eles e os familiares receberem os esclarecimentos sobre o caráter experimental e os riscos envolvidos no uso do componente. O procedimento só poderá ter continuidade mediante consentimento das partes.
De acordo com a Anvisa, as transfusões de plasma são “geralmente seguras e bem toleradas pela maioria dos pacientes”. No entanto, é possível que alguns procedimentos causem reações alérgicas ou outros sintomas. Por isso, a agência recomenda o suporte de hemoterapeutas ou hematologistas nas equipes envolvidas com os pacientes.
Outras pesquisas
O anticoagulante também será testado como possível tratamento de casos graves de Covid-19. Profissionais do Hospital Sírio-LibanÊs, de São Paulo, estão finalizando um protocolo experimental para ser encaminhado para a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
A pesquisa é inspirada pela hipótese de cientistas chineses de que o anticoagulante poderia reduzir a gravidade dos casos, já que uma das complicações possíveis do vírus é um quadro de coagulação sanguínea.