Maria Zilma Rodrigues: Os mortos não falam

01:30 | Nov. 12, 2019

Nem espere por

Foi 2 de novembro,

Foi vida passada,

Os mortos não falam

Leve flores,

Sinta saudade,

Faça o que poder,

Se engane, se quiser

Os mortos não falam

E nem vão

Falar é supérfluo demais

Eles superaram palavras,

Não falam, mas permanecem vivos

Oh meu caro,

Não há tempo para remorso

Viva enquanto ouço

Teu coração palpitar

Fale com ela, ela sim pode e há

Teu orgulho se torna arrependimento

E a vida é algo tão frágil

Tão delicado, sempre a fraquejar

Cumpra teus desejos,

Vá a praia sentir o sol,

Sem hora pra voltar,

Chegar preto como noite, soltando arquejos

Porque nela deu muitos beijos

E riu muito junto ao mar

Não deixe a vida passar

Pare de cometer os mesmos erros,

Porém permita-se se perdoar

E peça perdão

Não espere a morte chegar

Os mortos não falam,

Mas ainda podemos falar.