Editorial: A persistência das empresas no Ceará

01:30 | Out. 20, 2019

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a taxa de sobrevivência das empresas no Ceará cresceu em dez anos, saindo do percentual de 75,6% (2008) para 83,3% (2017). A melhoria deu-se mesmo com a forte recessão econômica que atingiu a economia brasileira entre os anos de 2015 e 2017. Nesse ano, o Ceará tinha 128.754 empresas em atividade, responsáveis por 944 mil empregos. Do total de pessoas ocupadas, 96% estavam nas empresas sobreviventes; 3,9% nas que iniciaram suas atividades no ano e 1,7% nas que saíram do mercado no período.

O economista Alex Araújo, em declaração a este jornal (edição de 18/10/2019) atribui o percentual positivo às mudanças na legislação, que permitiram a criação do microempreendedor individual (MEI), e às inovações do Simples Nacional, regime tributário diferenciado para micro e pequenas empresas.

Mesmo assim, o número de empresas que fecharam as portas em 2017 (22,5 mil) foi superior ao total das que iniciaram as atividades no mesmo ano, que somaram 21,4 mil, com saldo negativo 1.079 empresas. Porém, sem as medidas citadas, que facilitaram a vida de quem queria abrir um negócio, o saldo poderia ter sido pior.

Mesmo que o aumento do percentual de empresas sobrevivente não tenha sido tão expressivo, o resultado mostra que, apesar dos percalços, os negócios conseguem reagir em meio à crise, o que é animador, principalmente se essa tendência continuar ascendente.

Recentemente, na edição do dia 11 deste mês, o editorial destacou que o setor da construção civil no Ceará está reagindo, superando os problemas que se abaterem sobre o setor, com o aumento de unidades comercializadas, tendo como aliado a redução das taxas de juros.

Isso mostra que, por vezes, soluções para descomplicar a vida do empreendedor - como é o caso do MEI, do Simples, e a cobrança de juros mais baixos -, produzem efeitos benéficos que se distribuem por toda a sociedade. Portanto, a par das reformas mais amplas que têm de ser realizadas, há uma série de medidas de menor porte que, implementadas, poderiam ajudar a economia a deslanchar.