Uma crise desnecessária

05:00 | Mar. 10, 2019

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), pode tornar-se o vetor de uma nova crise no governo de Jair Bolsonaro, não bastassem os tumultos desnecessários já criados pelo próprio presidente e seu círculo familiar. O ministro, suspeito de ter utilizado irregularmente recursos dos fundos partidário e eleitoral, nas eleições do ano passado, insiste que a investigação sobre o assunto seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele recorreu da decisão do ministro Luiz Fux, que negara o pedido para que o processo subisse ao STF.

A alegação dos advogados é que, na época da ocorrência, Álvaro Antônio era deputado federal e, por isso, teria direito ao foro privilegiado. Derrotada pela decisão monocrática de Fux, a defesa pede agora que o julgador reconsidere sua decisão ou leve o caso ao plenário. O processo, atualmente, está a cargo da Procuradoria Eleitoral de Minas Gerais, que investiga se, de fato Álvaro Antônio, à época presidente do PSL/MG, usou candidaturas "laranjas" para desviar recursos públicos.

A situação é incômoda, até mesmo de auxiliares do presidente, que defendem que o melhor seria demitir logo o ministro, encerrando o assunto. Para esses críticos, a permanência dele prolonga desnecessariamente uma crise política, que poderia ser resolvida rapidamente pelo presidente. Fica mesmo difícil compreender porque o presidente vacila em tomar uma decisão, quando, em caso parecido, Gustavo Bebianno foi exonerado da titularidade da Secretaria Geral da Presidência.

Pelo menos nove ministros do governo Bolsonaro têm problemas com a Justiça, sendo investigados, réus ou condenados - inclusive Álvaro Antônio, que já fazia parte da lista, antes desse novo imbróglio - o que já contraria a promessa do presidente de formar um ministério "ficha limpa". Mas o fato central, é que a dispersão de forças, em assuntos que poderiam ser facilmente resolvidos, prejudica o encaminhamento de questões importantes para o bom andamento do governo, como a reforma da Previdência, por exemplo. n