Brasil
No Uruguai, patinetes fazem sucesso entre turistas e moradores
O uso de patinetes elétricos, que tem se tornado cena comum nos centros das grandes cidades brasileiras, também é uma alternativa cada vez mais popular entre turistas e moradores da capital uruguaia, Montevidéu
07:29 | 09/05/2019
O uso de patinetes elétricos, que tem se tornado cena comum nos centros das grandes cidades brasileiras, também é uma alternativa cada vez mais popular entre turistas e moradores da capital uruguaia, Montevidéu. O número de veÃculos dobrou desde fevereiro deste ano, quando tiveram inÃcio as operações na cidade. O sucesso é tanto que as empresas já trabalham com a expectativa de aumentar a quantidade de patinetes até junho.Â
Os usuários têm aprovado o serviço e aproveitam a novidade para passear pela famosa Rambla, avenida que margeia o Rio da Prata.
à o caso da dentista brasileira Camila Fernandes, 25 anos, que visita Montevidéu com a famÃlia pela primeira vez. Natural de Ubatuba, no litoral de São Paulo, ela aprovou o serviço e disse que achou muito fácil e seguro de conduzir. "Não é perigoso para nós, adultos, que temos noções de direção. Mas realmente seria perigoso para uma criança, por exemplo".
Juntamente com a mãe, a tia e o irmão, Camila baixou o aplicativo que libera o uso dos patinetes e aproveitou o dia de passeio para conhecer o bairro de Pocitos.
Tia de Camila, Magali Fernandes disse que os patinetes são ótimos para quem, como ela, curte conhecer a arquitetura e o clima da cidade. "A vista do litoral é maravilhosa. Lá em Ubatuba também temos litoral, mas é muito diferente.â
Em Montevidéu, duas empresas operam os patinetes elétricos. A primeira a se instalar, em fevereiro deste ano, foi a mexicana Grin, que trouxe para as ruas da cidade cerca de 200 "monopatines" (como são conhecidos os patinetes). No final de abril, desembarcou no paÃs a norte-americana Lime, com mais 300 veÃculos. Há ainda a expectativa da chegada da espanhola Movo, com outros 300 patinetes.
Poluição do arO diretor de relações governamentais da Lime para América do Sul, Felipe Daud, afirma que, além da mobilidade urbana, o uso dos patinetes elétricos é um importante aliado para a diminuição da poluição do ar.
"O tema da poluição do ar é muito importante para cidades como Bogotá, Cidade do México e Santiago do Chile, cidades muito poluÃdas. No Chile, por exemplo, a gente acabou de fazer uma pesquisa e descobrimos que cerca de 30% a 35% das nossas viagens substituem corridas de carro. As corridas de patinete chamamos de "última milha", pois é feita para você andar mais ou menos 1 ou 2 quilômetros, por dez ou quinze minutos, no máximo. Já se sabe que muitas das viagens de Uber ou de táxi são viagens curtas, de até dois quilômetros, com apenas um passageiro. Essa viagem pode ser facilmente substituÃda pelo patinete", defende Felipe.
De acordo com ele, a Lime é a maior empresa de patinetes elétricos do mundo, presente em mais de cem cidades. Apenas em Santiago, capital do Chile, já foram feitas mais de 700 mil corridas usando o patinete elétrico. Na América Latina, ele afirma que já foram registradas mais de 1 milhão de viagens e, no mundo, mais de 50 milhões.
"A gente estima que o mercado de Bogotá, por exemplo, no futuro, possa ter até 100 mil patinetes (sendo 1 patinete para cada cem habitantes). à um mercado onde você pouparia 48 milhões de toneladas cúbicas de CO2/ano", afirma Felipe.
De acordo com pesquisas globais conduzidas pela Lime em 26 cidades, aproximadamente 1 em cada 3 viagens feitas em patinete substituiu um passeio que, de outra forma, teria sido feito de carro. A empresa estima que, com isso, tenha impedido a emissão de 6.220 toneladas de carbono na atmosfera.
SegurançaEm entrevista à Agência Brasil, o secretário geral da Unidade Nacional de Segurança Viária (Unasev) do Uruguai, Adrián Bringa, explicou que o paÃs vive um boom semelhante ao ocorrido alguns anos antes com as bicicletas elétricas.Â
A regulamentação desse tipo de transporte, enquadrado com veÃculo elétrico, foi fruto de um trabalho técnico rigoroso para definição de regras e normas. Por enquanto, os patinetes são equiparados à s bicicletas elétricas e os usuários não estão sujeitos a multas.
Ainda segundo Bringa, os usuários dos patinetes, assim como os ciclistas, devem seguir as normas de trânsito. "Devem sempre circular por ciclovias e vias, nunca nas calçadas; respeitar a velocidade máxima das vias; usar capacetes e coletes refletores. Os veÃculos elétricos devem ter ainda luzes dianteiras e traseiras. E apenas maiores de idade podem conduzi-los", explica.
Felipe Daud, da empresa Lime, reconhece a importância da regulamentação e afirma que a atividade também deve ser regulada ao redor do mundo. No Brasil, ainda não existem normas que regulem o uso dos patinetes.
"A gente tem uma preocupação muito grande com segurança. Recomendamos em todas as nossas comunicações e no próprio patinete, o uso do capacete. Reforçamos que os usuários não devem usar calçadas e menores de idade estão terminantemente proibidos. A gente sabe que os acidentes vão ser menores quanto melhor for a infraestrutura da cidade. A gente trabalha também com isso, na criação de ciclovias, de vias de baixa velocidade. Ruas onde o carro pode transitar até 30 km, são uma solução para o patinete", afirma.
RequisitosNo Uruguai, enquanto o uso dos patinetes não é regulamentado, o modal é  entendido como veÃculo elétrico.
Para usar o patinete, o usuário deve ter mais de 18 anos e estar com capacete. Não é permitido âdar caronaâ â ou seja, mais de uma pessoa por patinete. Os patinetes devem andar nas ruas, o mais próximo possÃvel do meio-fio, ou em ciclovias. à proibido circular nas calçadas.
O uso de capacetes ainda não é respeitado pela maioria dos usuários. A reportagem da Agência Brasil flagrou ainda dezenas de crianças passeando nos patinetes e diversos casos de mais de uma pessoa por veÃculo.
Como funcionaO aluguel dos patinetes é relativamente simples. O usuário deve, em primeiro lugar, baixar o aplicativo da empresa e cadastrar um cartão de crédito para a cobrança. Uma vez dentro do aplicativo, ele consegue identificar onde estão os patinetes disponÃveis mais perto. Após localizar o patinete, deve-se abrir o aplicativo e "ler" o código QR do patinete - essa ação destrava o veÃculo.
No Uruguai, é preciso desembolsar 20 pesos (aproximadamente R$ 2,50) para destravar o veÃculo. São cobrados ainda 4 pesos (aproximadamente R$ 0,50 centavos) por minuto de uso.
Em BrasÃlia, o usuário paga R$ 3,50 para destravar o equipamento. A cada minuto de uso é debitado R$ 0,50.
Após destravado, o patinete está pronto para uso. Ao terminar o trajeto, o usuário entra novamente no aplicativo e encerra a âcorridaâ. Os patinetes podem ser deixados na rua, em local que não bloqueie a circulação de pessoas e de outros veÃculos, nem impeça acesso a rampas, garagens e paradas de ônibus.
Todos os patinetes são equipados com GPS. Desta forma, funcionários das empresas conseguem identificar os locais onde foram deixados, recolhê-los e levar para os galpões onde são recarregados durante a noite.
Â