Especialista aponta “risco 50% maior” em nova lesão de Militão devido a cirurgias antigas

Fisioterapeuta explica que retirada de enxertos para operações nos joelhos enfraquece a região da coxa; entenda a complexidade do caso

22:22 | Dez. 09, 2025

Por: Jogada 10
Fisioterapeuta explica que retirada de enxertos para operações nos joelhos enfraquece a região da coxa; entenda a complexidade do caso (foto: Jogada 10)

A nova lesão que afastará o zagueiro Éder Militão dos gramados por cerca de quatro meses possui raízes mais profundas do que um simples acidente de jogo. Embora o lance contra o Celta de Vigo tenha sido o gatilho, o histórico médico do atleta desempenhou um papel crucial na gravidade do quadro. O defensor do Real Madrid sofreu uma ruptura do bíceps femoral com envolvimento do tendão proximal, um diagnóstico complexo que exige atenção redobrada. Segundo João Barboza, fisioterapeuta especialista pela Sonafe Brasil, o passado cirúrgico do brasileiro nos dois joelhos aumentou drasticamente a probabilidade desse evento ocorrer.

A explicação reside na anatomia e na biomecânica. Em muitas cirurgias de reconstrução ligamentar do joelho, os médicos retiram o enxerto necessário justamente da região posterior da coxa, local onde Militão se machucou agora. O especialista alerta que esse procedimento prévio eleva em quase 50% o risco de novas lesões na área doadora quando o atleta retorna ao esporte de alto rendimento. A musculatura, já manipulada anteriormente, torna-se mais suscetível a rupturas sob estresse extremo.

Lesão de Militão é comum no futebol

O momento da lesão ilustra perfeitamente essa sobrecarga. O futebol exige movimentos bruscos, e Militão corria em velocidade máxima antes de precisar frear repentinamente. Barboza explica que, durante um sprint, a carga nos músculos posteriores da coxa aumenta em quase 80%. Para piorar, o zagueiro sofreu um leve empurrão no tronco instantes antes da dor aparecer, uma combinação fatal de desequilíbrio e força excessiva que costuma causar esse tipo de ruptura.

Outro fator determinante para o longo prazo de recuperação — estimado em quatro meses — é o tecido afetado. Diferente de um estiramento muscular comum, o problema atingiu o tendão. Essa estrutura recebe menos irrigação sanguínea do que o músculo, o que faz com que ela cicatrize muito mais devagar. Lesões que envolvem o tendão podem levar de dois a seis meses para cicatrizar completamente, dependendo da extensão do dano.

Agora, o protocolo de reabilitação focará na cautela absoluta. O especialista reforça que a equipe médica precisa expor o atleta gradualmente aos movimentos de aceleração e desaceleração. O risco de recidiva é alto se o retorno for precipitado. Isso porque estudos apontam que cerca de 30% dos jogadores sofrem nova lesão ao voltar aos gramados. O objetivo principal, portanto, vai além de curar a dor: é blindar o corpo de Militão para que ele suporte a intensidade do futebol europeu sem novos sustos.

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