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Nome controverso é indicação do PMDB para ocupar o cargo de superintendente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) no Ceará. Hellosman Sampaio, ex-prefeito de Milagres por cinco gestões e presidente da sigla no município, admite que foi procurado pelo senador Eunício Oliveira e o deputado federal Danniel Oliveira (ambos do PMDB), mas ainda está “pensando”.

“Só vou me posicionar lá para a quarta-feira da próxima semana. (Meu nome) está previsto, mas é uma cogitação. Ainda estamos em conversação, a gente precisa fazer as coisas com responsabilidade”, disse. Questionado sobre quem estaria articulando a indicação, respondeu: “Eu sou do PMDB, né… Apenas foi feito um contato do senador Eunício, do deputado Danniel. Foi feito um contato e estou na expectativa”.

Hellosman tem no histórico acusações que vão desde improbidade administrativa a abuso sexual contra menores. Em setembro de 2007, chegou a ser condenado a oito anos e três meses de prisão por atentado violento ao pudor e ameaça, após ser acusado de abusar sexualmente de um jovem de 17 anos em 2004.

A condenação foi anulada por cerceamento de defesa e, segundo Paulo Quezado, advogado do ex-prefeito, não houve novo julgamento. “Ele não é condenado hoje”, explicou. Quezado estima que processo já tenha sido prescrito. Ao final da ligação, chegou a questionar se as perguntas eram decorrentes da “nomeação dele para a Funasa”.

Embora evite confirmar nomeação, Hellosman já teria ido à sede da Funasa em Fortaleza para se “inteirar” sobre o trabalho. A informação é de funcionários do órgão e do próprio superintendente interino, Aureolino Meireles da Fonseca. Ele afirma, porém, que não tem informações sobre a indicação.

“Segunda-feira, 12, pela manhã ele esteve aqui colhendo algumas informações sobre a superintendência estadual, tais como: estrutura organizacional, valor de remuneração, quantidade de contratos e convênios, tipos de ações desenvolvidas”, relatou. “Ele não disse que seria o futuro superintendente, mas deu a entender que poderia ser”. O ex-prefeito não confirmou visita.

Reação

A indicação gerou duras críticas do ex-deputado Mário Mamede Filho, que atuava como ministro dos Direitos Humanos quando das acusações de abuso sexual contra Hellosman. “É absolutamente imoral e um desrespeito aos princípios da administração pública a indicação dele para qualquer cargo público diante da sua folha corrida, uma pessoa que está impune até hoje de várias denúncias e uma acusação”.

 

Ele aposta que órgãos como a Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público devem impedir a nomeação, ainda não efetivada. “Não é possível que tendo acesso às informações de qualquer cidadão, esses órgãos sejam omissos. De toda forma, alguém que tem a coragem de indicar o nome dele se rebaixa moral e eticamente ao nível do indicado”.

Segundo informações apuradas pelo O POVO, o nome de Hellosman já teria sido indicado ao Governo Federal, que o teria negado através da Agência Brasileira de Informação (Abin). Por meio de nota, porém, a Secretaria de Governo negou a informação. A reportagem tentou contato com Eunício e Danniel, mas não foi atendida até o fechamento desta página.

 

Saiba mais

Mário Mamede Filho acredita que, se a nomeação se concretizar, vai haver uma “reação muito forte” em Milagres. “Certamente a indignação dessas pessoas, que conhecem ele, deve ser muito grande”, afirmou.

O cargo está vago desde o início de maio deste ano, quando Maximiano Leite Barbosa Chaves, indicado do deputado federal Vitor Valim (PMDB), foi exonerado pelo presidente Michel Temer (PMDB) após o parlamentar votar contra a reforma trabalhista. Fontes de Brasília dizem que o Governo estaria negociando com Valim a volta de Maximiano caso ele votasse a favor da reforma previdenciária. A reportagem tentou entrar em contato com o deputado, mas as ligações não foram atendidas.