Aécio, a aposta tucana que virou decepção
Em um intervalo de menos de três anos o senador Aécio Neves passou de a grande aposta do PSDB para voltar ao Palácio do Planalto, após quatro derrotas consecutivas do partido para o PT, a delatado por irregularidades, com provas materiais contundentes, afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e investigado na Operação Lava Jato.
[SAIBAMAIS]A Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a pedir ontem a prisão do tucano à Suprema Corte, mas o pedido foi negado pelo relator, o ministro Edson Fachin.
Eleitoralmente, a situação do ex-governador de Minas Gerais já se mostrava delicada diante das várias acusações de delatores que colocavam o senador como beneficiário de propinas de Furnas, ainda em 2003. Nas últimas pesquisas de intenção de voto após as denúncias, a imagem pública do tucano para a campanha presidencial de 2018 já começava a ruir.
A derrocada política se acentua de forma praticamente irreversível quando um dos sócios da JBS, Joesley Batista, em gravação, revela o repasse de propina no valor de R$ 2 milhões ao senador mineiro. O recurso seria para custear a defesa do tucano em acusações que responde na Lava Jato.
[QUOTE1]Em um dos trechos da conversa, Aécio deixa claro que o recurso se tratava de propina ao ironizar a relação entre o mensageiro que mandaria para receber o dinheiro e as delações formalizadas nos últimos meses. “Tem que ser um que a gente mata ele antes dele fazer delação (risos)”, afirmou.
A situação do então presidente nacional do PSDB, que perdeu a eleição presidencial em 2014 por apenas 3% dos votos válidos — na disputa nacional mais apertada da história —, é de retaguarda e isolamento.
Ele se licenciou do posto com discurso de que vai se “dedicar diuturnamente” para “provar sua inocência e de seus familiares”. A irmã do senador, Andrea Neves, uma das suas principais assessoras e confidentes, foi presa na manhã de ontem em operação da Polícia Federal.
PSDB
Mais do que perder o comando do PSDB, Aécio perde, consequentemente, influência no seu próprio partido. A presidência de Tasso Jereissati, que assumiu interinamente o partido, deverá ser parte de um processo de transição. O deputado Carlos Sampaio (SP) é um dos favoritos para vencer a eleição interna.
Aécio ganhou a presidência desde que se cacifou para ser o candidato do partido em 2014 e se tornou a principal liderança de oposição nacionalmente ao PT, então governo. Diante do enfraquecimento, o partido pode acabar caindo nas mãos de Geraldo Alckmin e João Doria, seus adversários internos.
Wagner Mendes