Crise provoca primeiro embate direto entre Wagner e Camilo
Crise na segurança pública do Estado provocou ontem o primeiro confronto entre o governador Camilo Santana (PT) e o deputado Capitão Wagner (PR). Liderança da oposição que ascendeu em embates com o ex-governador Cid Gomes (PDT) e representante de policiais militares do Estado, Wagner ainda não havia sido alvo de ataques diretos de Camilo.
“É lamentável um parlamentar estar com essa molecagem. Isso é coisa de moleque, eu acho que quer se aproveitar do momento pra querer tirar vantagem política, infelizmente eu não vou entrar nesse jogo”, disse ontem o governador durante entrevista coletiva sobre os recentes ataques criminosos a coletivos em Fortaleza.
[QUOTE1]A fala ocorreu horas após Capitão Wagner subir à tribuna da Assembleia para criticar postura do governo sobre os episódios de violência. Segundo o deputado, o governo tem sido “frouxo” por não atuar para instalar bloqueadores de celulares em presídios do Estado.
“Não dá para ter um secretário de Segurança valente com um Governo frouxo, não. O secretário de segurança pode ser um super-homem que, sozinho, não vai sanar os problemas de segurança do Estado do Ceará”, disse Capitão Wagner.
O deputado estendeu críticas também para o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), e o vice-prefeito Moroni Torgan (DEM). “Da mesma forma que não dá para ter um vice-prefeito valente e um prefeito frouxo.”
“Criticaram uma proposta minha, quando concorri à Prefeitura de Fortaleza, no ano passado, em colocar profissionais da segurança nos coletivos. Será que os bandidos iriam agir se soubessem que existem profissionais da segurança à paisana nos coletivos?”, lembrou Wagner.
[QUOTE2]Camilo rebateu as críticas: “Frouxo é quem nunca pegou numa arma e foi combater um bandido no Ceará. É isso que, pra mim, é frouxo. O que está acontecendo é a reação às ações que o Governo tem tido pra enfrentar os criminosos, e nós vamos botar pra fora os criminosos do Estado do Ceará”, disse.
O petista prosseguiu: “Eu lamento esse tipo de oportunismo nesse momento do Estado do Ceará, isso é um desagravo ao povo de Fortaleza”.
O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, também rebateu as críticas. Classificando fala de Wagner como “equivocada”, ele destacou que ataques podem ter ocorrido em reação a ações do governo.
“A SSPDS é, inclusive, uma das secretarias com maior empenho do governador”, disse Costa, durante entrevista coletiva na tarde de ontem.
Relação conflituosa
Camilo Santana, no entanto, vinha evitando confronto direto com Wagner. Durante a campanha eleitoral, ataques ao parlamentar - que apoiou Eunício Oliveira (PMDB) em 2014 - costumavam vir de aliados de Camilo na disputa, especialmente os irmãos Cid e Ciro Gomes.
Saiba mais
Na sessão plenária da Assembleia, o líder do governo Camilo Santana, deputado estadual Evandro Leitão (PDT), afirmou que “não é justo desqualificar o Governo que está enfrentando de forma combativa o crime no Estado”.
Evandro Leitão enfatizou que os ataques de quarta-feira foram mais uma ação de bandidos querendo intimidar o governador e o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa.
O deputado afirma: “Quando o secretário de Segurança assumiu, causou insatisfação nos criminosos. Dizer que não existe ação do Governo, querendo desqualificar suas ações, não é justo”, apontou.
Para Capitão Wagner, governo precisa “deixar de mídia” e focar na elaboração de um plano de segurança pública a longo prazo.
Letícia Alves, Carlos Mazza