Guálter George, editor-executivo de Conjuntura

A votação da reforma trabalhista é importante, mas não chega a ser conclusiva em termos de medir o tamanho real da força do governo Temer na Câmara. A matéria precisa apenas de maioria simples para ser aprovada, o que não chega a ser um desafio, por mais que sejam simbolicamente importantes as dificuldades que têm sido encontradas pelos articuladores do Planalto. Por exemplo, na Igreja Católica, cujas vozes oficiais vêm subindo o tom no chamamento popular à resistência. O teste esperado para hoje será útil, mais, pelo que permitirá sentir quanto à fidelidade da base em relação ao que está por vir, especialmente com a reforma previdenciária, a próxima da fila na pauta. Este sim, um problema gigante, porque o quórum exigido é aquele qualificado, de 308 votos, número que ainda não existe como apoio entre os deputados. É o que demonstra o grande trabalho que têm dado aliados como PSB, PTB e PPS, citando apenas algumas das bancadas que apresentam fortes divergências entre seus membros no debate interno sobre as reformas. E o cenário pode piorar mais caso a greve geral convocada para a sexta-feira aconteça com a proporção que gostariam os seus organizadores e as lideranças oposicionistas. Torcer pelo fracasso da mobilização é tarefa imperativa para aqueles que esperam caminhada mais tranquila para a agenda que pauta o debate do Congresso.