No dia em que a Lava Jato completou três anos, coordenadores da força-tarefa afirmaram que políticos tentam impedir o prosseguimento da operação. “Basta uma noite no Congresso Nacional e toda a investigação pode cair por terra”, disse Carlos Fernando dos Santos, procurador da República, em coletiva de imprensa sobre o balanço da operação.

Segundo Santos Lima, autoridades buscam obstruir a força-tarefa. “Chegamos a um momento em que temos boa parte do Executivo e do Legislativo contra as investigações. Temos órgãos que, em vez de nos apoiar em acordos de leniência, tentam impedir que empresas venham ao Ministério Público e digam o que fizeram de errado.”

“Ainda existem projetos caminhando nesse sentido (de anistia de caixa 2), também tem a responsabilização de procuradores e juízes, inúmeras ações do Congresso Nacional que tentam restringir, e não alavancar, as investigações criminais”, disse.

O procurador rechaçou uma eventual anistia ao caixa 2. “Há discussão de anistia de caixa 2, esse discurso só interessa a quem promoveu corrupção e lavagem”, afirmou.

O procurador Deltan Dallagnol disse que o caixa 2 é “cortina de fumaça” e criticou o foro privilegiado. “O foro privilegiado é restritivo, ele atinge mais de 40 mil autoridades, temos de caminhar no sentido das reformas”, disse o coordenador da força-tarefa em Curitiba. Dallagnol ponderou também sobre os limites da Justiça. “A sociedade não pode colocar toda a expectativa no Judiciário”, disse. “Após três anos, é necessário que a população insista em iniciativas de renovação política e em reformas do sistema político e de Justiça.”

No balanço, MPF destacou que a Lava Jato já apurou o pagamento de propina de cerca de R$ 6,4 bilhões e perdas de R$ 42 bilhões na Petrobras. O bloqueio de bens dos réus já totaliza R$ 3,2 bilhões e a força-tarefa pede o ressarcimento de R$ 38,1 bilhões pelos crimes cometidos. (Agência Estado)