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Pato paulista: tô fora

2017-04-08 17:00:00
Esta foi a semana de susto para o Nordeste, depois de perceber que está sendo fritado por Temer. O perigo que ronda a região tem sua origem na decisão do Planalto de manter o valor dos juros do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) num patamar superior aos dos juros do mercado. Com isso, o FNE deixa de ser atrativo para quem busca crédito baixo para investir na região. Ou seja, o empresariado regional acaba de descobrir que ir atrás do pato paulista poderá ter sido um “tiro no pé”. O golpe foi bom para quem vive de especulação financeira, não para quem produz. O neoliberalismo não tem nada a oferecer ao Nordeste, ao contrário: está levando-o a perder tudo o que alcançou em mais de uma década de projeto sociodesenvolvimentista e inclusivo dos governos Lula e Dilma. Durante esse período, a região nordestina foi a mais dinâmica do País, como revelavam todas as estatísticas. Não só o povo vibrava por ter alcançado um patamar de vida que, apesar de humilde, jamais fora vivenciado antes, bem como os
níveis de crescimento causavam inveja ao empresariado do Sul/Sudeste.

EQUADOR

A vitória do candidato progressista Lenín Moreno para a presidência do Equador, interrompendo o avanço do neoliberalismo na América Latina, é um alívio para a esquerda continental. A diferença para o candidato da direita foi mínima, de 51% a 49%, mas, ao contrário do Brasil, onde foi eleito um dos Congressos mais reacionários da história do País, no Equador a esquerda é majoritária no Parlamento. Isso dificulta que o candidato derrotado Guillermo Lasso, um reconhecido banqueiro, dê uma de Aécio Neves e tenha êxito na movimentação para desestabilizar o governo e dar um golpe parlamentar que leve à destruição do país, como aconteceu no Brasil. Mas, não vai ser fácil para o sucessor de Rafael Correa, que tem contra si o peso do império americano e das oligarquias internas, aliadas do capital financeiro. Outras possibilidades de retorno da corrente progressista são as eventuais candidaturas de Fernando Lugo, no Paraguai, e de Lula/Ciro Gomes, no Brasil, onde se encontram bem colocados nas pesquisas de opinião.

INTERVENCIONISTAS

Enquanto isso, a direita continental, sob a batuta do Departamento de Estado americano, volta todas as forças para golpear o governo da Venezuela. Se bem que a falta de habilidade política de Maduro seja notória, só quem está sob cerco do império do Norte sabe onde lhe apertam os calos. Os EUA nunca toleraram governos que não se subordinem a seus interesses. Os insubmissos são derrubados. Desde o século XIX, iniciaram suas intervenções militares no continente, tomando mais da metade do território do México, ocupando Cuba e anexando Guantánamo, quase um século antes da Revolução Cubana; separaram da Colômbia o território que serviria para criar um novo país – o Panamá – só para construir o Canal que serviu a seus interesses; apoiaram ditaduras caudilhistas, por todo o continente; seguidas de ditaduras militares sanguinárias, planejando a queda de governos democráticos, como de Jacobo Árbenz, na Guatemala, João Goulart, no Brasil e Salvador Allende, no Chile.

MARIONETE

A Organização dos Estados Americanos (OEA), uma marionete do Departamento de Estado, nunca se reuniu para fazer frente a esses abusos de Washington. Só se toma de indignação quando é para detonar governos de esquerda. Assim, expulsou Cuba, após a Revolução, e quer fazer o mesmo com a Venezuela. Os EUA nunca sofreram uma recriminação por seu papel intervencionista, nem pelos crimes contra os direitos humanos, em Guantánamo, onde a tortura foi institucionalizada contra prisioneiros que estão detidos sem julgamento e à margem de qualquer amparo jurídico do Estado Democrático de Direito. Uma aberração contra todos os princípios humanitários e contra a própria Constituição americana, em pleno século XXI. Um documentário feito há poucos anos, e nunca publicado no Brasil, desmascara o que tem sido a política americana para a América Latina. O vídeo pode ser visto aqui: http://bit.do/dkFPY

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

Quando Hugo Chávez anunciou o socialismo do século XXI, a coluna congratulou-se com a ideia, por vir acompanhada de compromisso com a democracia. De fato, a Constituição da Venezuela é a mais democrática do continente, pois é participativa. Todos os mandatos, do prefeito ao presidente da república, são revogáveis pelo povo, por iniciativa legislativa popular. As leis também podem ser vetadas pelo povo. Os cidadãos participam de várias instâncias deliberativas. A própria Constituição foi elaborada com a participação dos eleitores e, ao final, foi submetida às urnas, através de referendo (coisa que não houve no Brasil). A Carta pode ser emendada por iniciativa popular e até substituída em sua totalidade, se os cidadãos assim o decidirem. Antes de opinar sobre o regime, os críticos deveriam ler a Constituição. Ver aqui (http://bit.do/dkF9C). E o controle constitucional aqui: http://bit.do/dkF5a

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