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Doze é melhor que uma dúzia

01:30 | 18/03/2017

Educação no trato é tudo num mundo que nem esse, onde bom dia e boa noite, com licença aí e foi mal passam longe das oiças do coração. Com Mundico de Solimar, no entanto, a deferência respeitosa toma ares de lei. Tudo é ‘pedido de colega’, ‘posso dar o grau?’, ‘cuma-lhe vai?’. Um cavalheiro – o derradeiro assim que nem ele, pelo menos que eu tenha notícia, foi Dom Hélder do meio pro fim.

Afinado de tal sorte com as gentilezas, até pra mandar o outro se lascar ele envolve o verbo de eufemismos ao ponto de o desafeto se desmanchar em desculpas, sentindo-se o próprio ofensor. As penúltimas dele: “Cunha, com todo respeito - um republicano fí duma égua”; “Renan, filósofo francês do século 19: gabarito. O hodierno da casa - o tipo da pessoa!”

A última de mestre Mundico de Solimar. Diante dos desastres prováveis advindos das reformas trabalhista e previdenciária do governo Temer, mandou brasa:

- O senhor é um fí duma égua, mas no bom sentido!!!

Amor e Alzheimer

Pense num amor roxo! Mas, não correspondido, o que fez Dadau? Empurrou o pau na cana. Já no ponto de tanto beber, buscou auxílio. A velha Mimosa deu vários conselhos: 1º) Outra paixão. “Cace uma cunhã que vá com a sua natureza, entendeu?” Dadau compreendeu, mas, quedê forças pra tirar a ex-criatura da cabeça? 2º) Espairecer. “Namore, fresque, se amigue, se amancebe...” Nada! - A força do pensamento é fundamental! Querer é poder – afirmava a terapeuta. 3º) Oração salvadora. “Faça a prece para o esquecimento de antigo amor: Senhor, ouve a minha oração e escuta o pedido aflito de meu coração que sangra e se arromba por perder o amor que acalentava...” Nada! 4º) Simpatia na pessoa. “Faça aquela que é tiro e queda: pedra azul no bolso, entre na igreja, num domingo, e ore ao arcanjo Miguel logo na entrada, pedindo iluminação e felicidade”. Nada!

 

Pedindo já penico, em frente ao Frotão da Parangaba, exclamou tão fervorosamente que Jesus dignou-se a aparecer, na figura de vendedor de coxinha:

- Só tem um jeito de tirar essa mulher da minha vida, Mestre!

O galileu, prestimoso, pergunta qual a solução. Dadau, contemplando o Senhor embevecidamente, diz:

- Um Alzheimer caprichado!

Doze é melhor que uma dúzia

Ensina o ditado que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não menos verdadeiro é o que acentua: “O homem que urina não sabe o valor de uma mijada”. Melhor é o que prega: “Pelo que eu sei da Praça Onze, só restam uns Nove hoje em dia lá...” Sem contar aqueloutro: “Elefante com medo de rato é como um caçote com medo dum rola-bosta”. Genial mesmo é o que destaca: “Tanto faz correr como saltar, e tanto faz meter o pé na carreira como pular”.

Com estes raciocínios, anuncio-lhes o pensamento biritativo-cartesiano do pinguço João Leudo, morador dos confins de Quintino Cunha:

- Doze é melhor que uma dúzia. Quem disser que não, desconhece quanto vale 6 mais 6! Ou 4 vezes 3. Sabe lá, 10 mais 2...

 

Adriano Nogueira

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