PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Futebol e literatura

2017-04-27 01:30:00

Zanzando sexta passada pela Bienal Internacional do Livro, dobro uma esquina e fico surpreso. Um estande de um clube de futebol. Que maravilha! João Damasceno, diretor do Centro Cultural do Ceará Sporting Club, com sua lisura e cortesia, me convida a entrar.
 

Folheio alguns escritos, detenho-me em algumas passagens, comento com meu anfitrião e compro o livro Futebol e Ditadura, que, a partir de testemunhos de jornalistas, sociólogos, historiadores e ex-presos políticos, se referem a um período de exceção na vida política do País.
 

A ideia dessa coletânea, inédita em nosso Estado, segundo o presidente do Ceará, Evandro Leitão, que assina a orelha do livro, partiu do caso de Fernando Antunes Coimbra (Nando), irmão do Zico, ex-atleta do Ceará que sofreu perseguições no regime militar.
 

Abro o livro 100 anos de paixão e está lá, na página 120, a minha seleção alvinegra de todos os tempos, dos jogadores que vi jogar: Hélio, João Carlos, Alexandre, Artur e Fábio Vidal, Edmar, Zé Eduardo e Rubens Feijão, Sergio Alves, Gildo e Da Costa.
 

Na saída, ganho o livro de presente, tiro fotografias com torcedores presentes para registrar o momento, um torcedor enaltece a ação do Centro Cultural do Clube, e troco figurinhas com o João me despedindo com a máxima: povo sem memória vira fantasma de si mesmo.
 

Embalado pelos fluidos alvinegros, caminho feira adentro com a cabeça em ebulição e dou de cara com um painel. No dia 22,
às 18 horas, palestra com o professor Ms. Airton de Farias: “O futebol moderno e suas opressões; O machismo, o racismo, a violência das organizadas”.
 

Um parêntesis, caro leitor, o professor é craque no trato social e já li dele uma trilogia sobre as origens e o desenvolvimento de nossos clubes: Fortaleza – História, Tradição e Glória; Ceará – Uma História de Paixão e Glória; e Ferroviário – Nos trilhos da Vitória.
 

De olho nos temas do painel, continuo pensando em como o futebol desenvolvido entre nós traz à tona os principais problemas da nação. Razão mesmo tem Nelson Rodrigues, nosso teatrólogo maior, quando dizia que a seleção brasileira é a pátria de chuteiras.

Sérgio Redes

TAGS