Elefantes em loja de cristais
A economia do Brasil é como uma lojinha de cristais sendo constantemente invadida pela manada de elefantes da floresta política. Para os de bom senso, a lojinha e seus cristais são os bens a serem protegidos. Porém, parte da manada é mais suja que pau de galinheiro e é empurrada para dentro da loja pelas investigações da Lava Jato. Outra parte, que frequenta o mesmo poleiro, invade a loja porque tem como objetivo destrui-la para ter chances de sobreviver.
[QUOTE1]Nesse último item, enquadra-se a nossa oposição. Quando estava no poder, jogou o País na mais violenta recessão de sua História. Agora, fora do poder, faz tudo para que a economia não reaja. Nem que para isso promova-se quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios. 14 milhões de desempregados formais? Quem se importa? Pois é.
É a política, cara. É a política. Depenaram estatais, levaram o País à bancarrota, rapinaram fundos de pensão. Quem se importa? Diretas Já! Às favas com a Constituição. O que importa é melar o jogo democrático. Aliás, apego à democracia é mercadoria que está em falta. Pelo desapego, comprou políticos, partidos e o Congresso. A moeda foi o meu, o seu o nosso dinheiro.
Vem aí a mais nova “delação do fim do mundo”. Antônio Palocci, o ministro da Fazenda de Lula que está preso há oito meses, quer se livrar da prisão e ganhar a boquinha de um quase perdão judicial. Fala-se que estaria prometendo entregar o empresário
Abílio Diniz e o banqueiro André Esteves. Ahh... Rolam notícias de que pretenderia entregar Lula também.
Notem bem. Nem existe delação e já se coloca o nome de um banqueiro e de um influente empresário no rol de delatados. Sim, será mais abalo na economia. Não por Lula. Este não faz nem cócegas na economia. O problema é quando se coloca um banco como alvo. O sistema financeiro é delicado por natureza. O mínimo que se espera é bom senso das autoridades no trato dessa questão caso realmente a delação percorra tal rumo.
2018, EU JÁ ESCUTO OS SEUS SINAIS
É claro que o ex-governador está pressionado pelas novas circunstâncias que se formaram no Ceará. A atitude sugere que Cid já não tem o garfo e a faca nas mãos e precisou antecipar o anúncio da candidatura. No mínimo, para manter a tropa coesa e não deixar vácuos. No mínimo.
Noutra frente, Ciro Gomes solta de público, em alto e bom som, um elogio ao senador Tasso Jereissati (PSDB), que desde 2010 é o alvo preferencial do seu grupo político no Ceará. Tem alma querendo reza. Afinal, se tem uma coisa que move Tasso em relação ao ex-amigo é o fígado. E Tasso anda bem na fita nacional.
Numa terceira frente, Camilo Santana, o petista acidental (por enquanto), rasga mais e mais elogios a Tasso. O governador está de olho no que importa para si: a reeleição. Sonha em uma grande frente em seu apoio. Uma reedição mal ajambrada da União pelo Ceará de 1962.
A política parece perder a capacidade de se reinventar. Porém, tudo o que acontece no País não há de ser sem vão. Continuo apostando de que “o novo” será uma enorme demanda popular. Velhinhos que loteiam governos para ganhar a eleição e governar correm o risco de serem varridos do mapa. Isso só prospera se “o novo” não conseguir ocupar o vácuo e se credenciar como opção.
Adriano Nogueira