Opa, não era um pterossauro

Uma das maravilhas da ciência é a chance de revisar trabalhos antigos e questionar resultados.

Descrito em 2010, o Faxinalipterus minimus (em cinza) foi classificado como um pterossauro.

Assim, ele seria um dos répteis alados mais antigos já registrados, entre 220 e 215 milhões de anos atrás.

Acontece que outros pesquisadores acharam a classificação como pterossauro meio esquisita.

Parte da dúvida vem da análise dos fósseis do bichinho, ossos do esqueleto pós-cranial e uma maxila com dentes.

Eles foram encontrados em duas escavações diferentes, uma em 2002 e outra em 2005, na Formação Caturrina (RS).

Por essa diferença temporal, era difícil afirmar totalmente que os ossos correspondiam ao mesmo bicho.

Mas foram, o que levou a uma classificação errada do Faxinalipterus. Um dos motivos da má interpretação…

… foi a mal identificação de alguns ossos e a "falta de características diagnósticas dos pterossauros".

Os pterossauros primitivos do Triássico, por exemplo, tinham dentes espaçados. Esse espaçamento…

… existia na maxila do Faxinalipterus, mas não porque ele era um pterossauro.

E sim porque, na fossilização, muitos dentes foram perdidos e substituídos por rocha.

Esse detalhe foi identificado após a análise dos fósseis por meio de uma tomografia computadorizada.

Também ajudou muito a descoberta de outro fóssil na mesma formação, um crânio incompleto.

Esse crânio tinha uma maxila muito parecida à do Faxinalipterus. Adivinha: a maxila dele era de outra espécie!

Assim, os pesquisadores BR descreveram um novo réptil do Triássico: o Maehary bonapartei.

Interessante, né? A ciência é cheia de erros, correções e acertos - tudo coletivamente, como deve ser.