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O "Coração" político de Johnny Hooker ecoa no Dragão do Mar nesta sexta-feira

Johnny Hooker volta para Fortaleza nesta sexta-feira, 29, para apresentar seu mais recente trabalho na Praça Verde
13:22 | Set. 28, 2017
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[FOTO1]Um disco que nasce de sofrimentos. "Coração", o mais recente trabalho de Johnny Hooker, lançado em julho deste ano, é fruto de um momento conturbado na vida do artista. Com novos ritmos, temas  e parcerias, a intensidade do pernambucano volta a Fortaleza na noite desta sexta-feira, em show na Praça Verde do Centro Dragão do Mar, às 21 horas.

"Coração", segundo disco de Johnny, surge depois do fim da turnê de seu primeiro trabalho, chamado "Eu vou fazer uma macumba para te amarrar, maldito", iniciada em 2015. Ao O POVO, o cantor revela que, depois de  mais de dois anos viajando com repertório do álbum de estreia, ficou exausto  fisicamente e psicologicamente, além de ter encarado depressão desenvolvida após o término de um relacionamento.“Na hora mais escura, eu tive que me agarrar à música para poder sobreviver”, desabafa.

Contudo, se no primeiro disco, a voz rasgada de Hooker cantava histórias de desilusões e amores proibidos, agora, a dor se converte em força e em política. “Coração é combativo”, explica. “É muito mais político, porque são tempos políticos”.

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E ele não vai à luta sozinho. No CD, o pernambucano divide músicas com Liniker e Gaby Amarantos. Duas mulheres de lutas muito evidentes, segundo lembra Hooker. “Além de artistas excepcionais, são pessoas que têm histórias muito relevantes para contar”.

[FOTO2]Recentemente, no Rock in Rio 2017, o pernambucano subiu ao palco ao lado de Liniker, para cantar Flutua e puxar um “beijaço”, enquanto a frase “amar sem temer” estampava o fundo do palco. Um ato político, em tempos de intolerância. “O lugar do artista é denunciando na música, no corpo, no show”, instiga. “A gente está aqui e nós vamos resistir”.

Em julho, Johnny também cutucou esta força, quando se envolveu em debate com o artista Ney Matogrosso. À época, o pernambucano criticou a posição de Ney defendida em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, rebatendo em uma rede social: “É inconcebível ler a frase ‘Que gay o caralho, eu sou um ser humano’ no País que mais mata LGBTs do mundo(!!)”. Dois meses após a repercussão, Hooker acredita que a discordância faz parte do processo natural da democracia. “São modos de pensar muito diferentes, mas não significa que eu discorde do trabalho dele”, pondera.

É esta potência que Johnny Hooker volta a trazer a Fortaleza. A Cidade, que já recebia shows do artista antes mesmo do lançamento do primeiro CD, foi uma das opções de lugares para estrear a
turnê de Coração.

 

Leia também: Johnny Hooker e Liniker cantam “Flutua” no Rock in Rio com direito a beijaço


Uma música geracional


Os amores marginais de "Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!" já eram esperados antes de fevereiro 2015, quando foi lançado o primeiro disco de Hooker. Pelo menos é como analisa o artista, que acredita que o sucesso da sua obra está relacionado diretamente ao momento que o Brasil vivia.


"Parecia que tinha uma geração de pessoas esperando por isso de alguma forma" diz. "Era um momento muito carente da música brasileira, de novas figuras, novos sons e uma nova representação". Logo depois, diversos artistas começaram a surgir na cena musical brasileira defendendo as bandeiras LGBTs.

 

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Em "Coração" a relação com o momento continua, mas com temas diferentes. "Tanto como o 'Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!', o 'Coração' é um sinal dos tempos", define Hooker. "Ali no 'macumba' o político não estava explicitamente colocado". Por isso, segundo ele, este novo álbum é mais direto, com questões mais explícitas, por necessidade dos tempos.

 


Ouça o disco "Coração" de Johnny Hooker:

[VIDEO1] 

Serviço

Lançamento do disco "Coração" de Johnny Hooker

Onde: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)

Quando: sexta, 29, ás 21 horas

Quanto: R$ 80 (inteira) R$ 40
 

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