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Debate sobre diversidade no mundo nerd tem pedido de casamento surpresa

00:32 | Jun. 24, 2018
Autor Bruna Forte
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Bruna Forte Repórter
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Tipo Notícia
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O universo da chamada cultura nerd/pop, que engloba quadrinhos, séries, filmes e jogos, ainda é reconhecidamente marcado por preconceitos de gênero, sexualidade, racismo e machismo. A luta pela pluralidade nesses espaços, no entanto, ganha mais adeptos e a militância demarca seus enfrentamentos e posições. Com o tema "Diversidade no mundo nerd", o painel realizado no Festival Vida&Arte, neste sábado, 23,  abordou a importância da democratização dessa pauta. O debate contou com a presença de Alice Falcão do Bacontástico, Gambit Dance do Bichas Nerds, Rubens Rodrigues, do Repórter Entrelinhas, e Renan Lelis, do Poltrona Nerd, além da mediação de Fernando Diego Sioli, do POPssauro.


 
Alice Falcão critica as famosas “perguntas testes” que são feitas a todas as mulheres que gostam de temas ditos masculinos, como cultura geek ou futebol. “Quem nunca ouviu um questionamento sobre personagens para testar conhecimento?”, desabafa. A quadrinista Débora Santos, integrante do selo de quadrinhos Netuno Press, celebrou a realização do espaço.

 
“Quando comecei a me interessar por quadrinhos aqui em Fortaleza, só conhecia homens. Na época, conheci as namoradas dos meninos que faziam quadrinhos, fiquei amiga delas e a gente decidiu fazer um evento produzido por mulheres e com todas as convidadas mulheres, o Desenquadradas, realizado no Porto Iracema em 2014. É muito importante a gente se organizar politicamente e ter esse apoio de outros artistas”, salienta.


 
“O mundo nerd é um recorte da sociedade. Se a sociedade é preconceituosa, o mundo nerd também é. Ninguém quer ser associado à homossexualidade, por exemplo, porque isso é desmoralizante. Dentro do universo nerd, a gente sente nos boicotes. Se tem um Wolverine em uma outra realidade nos quadrinhos, em outro mundo em que as pessoas são diferentes, e esse Wolverine é gay, a crítica é certa: ‘Ah, pra que isso? Por que não inventam outro Wolverine, pra que transformar um personagem que já existe?’. É assim que a gente percebe o preconceito. Ninguém é preconceituoso até a página dois”, destaca Gambit Dance.  


 
Apesar das dificuldades, diversas iniciativas vão na contramão dessa narrativa normativa ainda muito arraigada em discriminações. Produções como X-Men, Mulher Maravilha, Pantera Negra, Steven Universe, Irmão do Jorel e Xavien conquistam cada vez mais fãs que se veem representados por essas personagens.


 
“Eu acredito que a primeira etapa para vencer esse preconceito na sociedade e no universo nerd é botar a cara no sol. Eu acredito que, enquanto a gente ficar com medo das pessoas e se esconder, as pessoas vão acreditar que estão certas na posição delas e a gente não vai fazer volume. Enquanto a gente não fizer volume, não ganha direitos. O conselho que eu dou para todo mundo é se assuma. Diga no seu trabalho, na faculdade, as pessoas precisam entender que você está lá no meio delas. Tem passos que são muito difíceis de dar, mas eu acredito é importante a gente dizer que existe. A democracia existe para garantir que pessoas que não são favorecidas sejam protegidas. Qualquer pessoa que está fora da curva vai sofrer com aquilo. As pessoas têm que compreender que existe a diversidade no mundo. Eu não vou voltar para o armário por sua causa”, encerra Gambit Dance.


 
Pedido de casamento
 
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Em um discurso emocionado, Gambit Dance aproveitou o espaço no Festival Vida&Arte para pedir seu namorado Alexandre Fagundes em casamento publicamente. O Chef de cozinha em um restaurante de gastronomia contemporânea comemorou o gesto: “Eu tô surpreso, tô efusivo, nunca imaginaria! Esse gesto público é importante enquanto ato político porque vai abrir portas e é importante a gente dizer que existe e resiste".

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