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Textos de Eça de Queirós são tema de encontro internacional na UFC

Estarão em análise as leituras contemporâneas da obra do escritor português
10:17 | Out. 26, 2018
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Eça de Queirós ainda tem muito a dizer aos leitores deste século. No jogo hábil de diálogos, na sátira dos tipos sociais e no olhar corrosivo do narrador, o escritor abriu, com a pena e a tinta do Realismo, uma vereda por onde se enxerga a modernidade. Propondo uma leitura contemporânea para a obra do escritor português, o III Encontro Internacional do Grupo Eça terá início na próxima segunda, 29, com programação até o dia 31 de outubro no Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará (UFC).

 

Com o tema "O Mandarim, A Relíquia e suas fricções", o encontro será dividido em duas etapas: a primeira em Fortaleza e a segunda, no próximo mês, em Coimbra, Portugal. Na capital cearense, a programação conta com diversas mesas-redondas e conferências. Na abertura, o professor Carlos Reis, pesquisador nas áreas de literatura portuguesa e estudos queirosianos, fala sobre o tema "Eça de Queirós e a epistemologia do olhar".

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Nesta edição, o evento se debruça sobre dois textos do escritor, cujas publicações estão separadas por sete anos: A Relíquia e O Mandarim. "Eles não foram escritos para serem obra conjunta, mas têm pontos de encontro muito interessantes. Ambas mostram o esforço, por vezes inconsequente, de dois pequenos burgueses para ascender à alta burguesia", explica José Carlos Siqueira, professor de Literatura Portuguesa da UFC. Teodoro e Teodorico são os protagonistas dos romances, narrados em primeira pessoa e com teor memorialístico.

 

O Grupo Eça integra os Programas de Pós-Graduação de Literatura Portuguesa e de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (ambos da USP) e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFC. Além de estudar a obra do escritor, seus estudos lançam olhar sobre a fortuna crítica de seus textos. "Tudo surgiu da necessidade de entender a obra do Eça a partir de perspectivas novas, ou seja, de um questionamento sobre como ler a obra do Eça no século XXI", pondera José Carlos, que também é um dos fundadores do grupo.

 

O evento contará ainda com o apoio da Universidade de Coimbra e da Fundação Eça de Queirós, de Portugal. Para Ana Márcia Alves Siqueira, membro do grupo Eça desde 2014, um dos motivos fundamentais para se revisitar a obra queirosiana é mostrar que ela apresenta muitas outras faces para além da escrita realista de Eça. "Ele traça um panorama de muitas questões humanas como a ambição, a mentira, a hipocrisia, que são discussões atemporais", considera. Professora e pesquisadora de literatura portuguesa da UFC, Ana apresenta, na quarta, a mesa "Entre dizer, desdizer e não dizer: as tramas enunciativas de Teodoro e Teodorico".

 

Eça de Queirós é autor de O Crime do Padre Amaro, considerado o marco inicial do Realismo em Portugal. Afastando-se do idealismo romântico, o escritor fez, ao longo de sua obra, uma crítica contundente aos valores da burguesia e aos atos de corrupção humanos. Ao compor cenários, ambientes e, principalmente, personagens, Eça utiliza o artifício da ironia, muitas vezes equilibrada com o humor.

 

"Eu percebo que existe uma certa "continuidade" do século XIX hoje, e por isso digo que as ideias que Eça escreveu no seu tempo ainda reverberam em nossa realidade", considera José Carlos. "A literatura é esse produto de um contexto histórico, que, a partir de seu caráter estético, é capaz de entender e criticar elementos que estruturam a sociedade", explica o docente.

 

III Encontro do Grupo Eça: O Mandarim, A Relíquia e suas Fricções 

Quando: 29 a 31 de outubro

Onde: Auditório José Albano, na área 1 do Centro de Humanidades. Av. da Universidade, 2683, Benfica

Quanto: gratuito

Informações: 3366-7618 (http://ge.fflch.usp.br)

 

 

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