Entidades indígenas repudiam falas de Luciano Huck: 'Indignação'

Após vídeo viral, lideranças indígenas criticam pedido do apresentador para "limpar a cultura" durante gravações

16:29 | Dez. 07, 2025

Por: Izabele Vasconcelos
Um vídeo dos bastidores da visita de Luciano Huck e Anitta ao Xingu mostrou o apresentador pedindo que indígenas não aparecessem com celulares e evitassem roupas comuns. (foto: Reprodução/Instagram @Anitta)

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nova nota de repúdio às falas feitas por Luciano Huck durante visita ao Parque Indígena do Xingu, em agosto.

O vídeo, gravado nos bastidores das filmagens do da Globo e repercutido nas redes nessa sexta-feira, 5, reacendeu críticas ao comportamento do apresentador durante a passagem pela região. 

O momento voltou a circular após ser publicado pelo Subsecretário da SMMA/DC, Rômulo Brito, que compartilhou o momento nas redes sociais e ampliou a repercussão do caso. Veja o vídeo:


Nas imagens, Huck aparece pedindo que ninguém seja filmado com celular e que os indígenas evitem roupas consideradas “comuns”.

Em tom firme, afirma ainda que “quanto mais celulares aparecem, menos é a cultura de vocês”. Sentado ao lado da cantora Anitta, que demonstra constrangimento, o apresentador orienta uma liderança a transmitir essas instruções ao grupo.

Reações nas redes e a resposta da Apib

A gravação viralizou rapidamente. Em nota, a Apib expressou “profunda indignação” com o comentário de Huck para que fosse “limpa a cultura” dos povos visitados.

A entidade reafirmou que a identidade indígena não depende da ausência de objetos modernos: “Nossa identidade não se mede por objetos, mas por ancestralidade, território, memória e luta”, destacou a articulação.

A Apib também ressaltou que o acesso à tecnologia é um direito constitucional e tem sido ferramenta fundamental para monitoramento ambiental, defesa dos territórios, educação, trabalho e comunicação entre comunidades e o Estado. Para a entidade, celulares ajudam a denunciar violações historicamente invisibilizadas.

Outras organizações também condenam a fala

A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) já havia se posicionado anteriormente sobre o episódio. Em nota, afirmou que a fala de Huck se apoia em uma visão equivocada, que tenta reduzir a cultura indígena a uma suposta “pureza”.

Segundo a coordenação, culturas indígenas são “vivas, dinâmicas e múltiplas” e não precisam ser “limpas” para parecer autênticas.

>> Siga o canal de Últimas Notícias O POVO no WhatsApp

O que diz Luciano Huck sobre o episódio

Luciano Huck se pronunciou após a repercussão do vídeo. Ele afirmou que o pedido registrado nas imagens não teve intenção de limitar expressões culturais ou hábitos de consumo, mas foi apenas uma orientação de direção de arte para as gravações.

O apresentador ressaltou que mantém relação de décadas com comunidades indígenas e se define como defensor de seus direitos.

Em nota, declarou: “Sempre defendi que as escolhas sobre modos de vida, tradições e caminhos futuros pertencem única e exclusivamente aos próprios povos indígenas”. Ele destacou ainda que a orientação sobre o uso de celulares foi um “ajuste pontual” do set de filmagem.