Quem é Lô Borges? Conheça vida pessoal e carreira
Cantor e compositor mineiro estava internado desde outubro por intoxicação medicamentosa. Artista deixa um legado essencial para a música brasileira
12:30 | Nov. 03, 2025
O cantor e compositor Lô Borges morreu nesse domingo, 2, aos 73 anos, em Belo Horizonte. O músico mineiro faleceu às 20h50min em decorrência de falência múltipla de órgãos, segundo boletim divulgado pelo Hospital Unimed Contorno, onde estava internado desde o dia 17 de outubro.
O artista enfrentava complicações causadas por um quadro de intoxicação medicamentosa e chegou a passar por uma traqueostomia no dia 25, para facilitar a respiração.
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Durante o período de internação, Lô precisou realizar hemodiálise e chegou a apresentar estabilidade hemodinâmica e metabólica.
Apesar dos esforços da equipe médica e das mensagens de apoio de familiares, amigos e fãs, o estado de saúde do músico piorou nos últimos dias.
Família e vida pessoal de Lô Borges
Lô Borges deixa um filho, Luca Arroyo Borges, de 27 anos, formado em Publicidade e Propaganda e com graduação em andamento em Jornalismo pela PUC Minas. Luca também é especializado em Mídias Digitais pela Master D, de Lisboa.
Nas redes sociais, Lô costumava compartilhar fotos antigas ao lado do filho, mostrando o carinho entre os dois.
O cantor também deixa cinco irmãos: Márcio, Telo, Marilton, Nico e Yé Borges, todos envolvidos com a música.
Reservado, Lô era conhecido por seu estilo de vida simples e discreto. Em entrevista de 2022, afirmou estar solteiro e descreveu-se como caseiro, apreciador de champanhe francês e cachaça de Salinas, mas sem excessos.
Lô Borges: carreira musical
Salomão Borges Filho nasceu em 10 de janeiro de 1952, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte.
Criado em uma família musical, ganhou seu primeiro violão aos nove anos e logo se destacou pela habilidade com o instrumento.
Na juventude, conheceu Milton Nascimento, o “Bituca”, que se tornaria seu maior parceiro artístico e amigo de toda a vida.
Com Milton, Beto Guedes, Wagner Tiso e outros músicos, fundou o Clube da Esquina, movimento que revolucionou a música brasileira ao misturar MPB, rock, jazz e sonoridades latino-americanas.
Clube da Esquina e o impacto na MPB
Em 1972, Lô Borges e Milton Nascimento lançaram o lendário álbum “Clube da Esquina”, considerado pela revista norte-americana Paste Magazine um dos melhores discos de todos os tempos. O trabalho revelou clássicos como “O Trem Azul”, “Tudo Que Você Podia Ser” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”.
No mesmo ano, Lô lançou seu primeiro disco solo, o “Disco do Tênis”, um marco cult da música brasileira. Já em 1978, participou de “Clube da Esquina 2”, consolidando definitivamente o movimento como um dos pilares da MPB.
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Lô Borges: carreira, pausas e renascimento artístico
Após o sucesso inicial, o artista se afastou dos holofotes e viveu um período em Arembepe, na Bahia, onde continuou compondo. Voltou aos estúdios em 1979 com o álbum “Via Láctea”, seguido por “Sonho Real” (1984) e outros trabalhos que reforçaram sua sensibilidade poética e musical.
Nos anos 1990, sua parceria com Samuel Rosa, do Skank, resultou no sucesso “Dois Rios”, que apresentou Lô a uma nova geração de ouvintes. A partir de 2019, o cantor viveu uma fase criativa intensa, lançando álbuns inéditos anualmente.
Em 2024, lançou “Tobogã”, composto a partir de trocas virtuais com a poeta Manuela Costa e dedicado ao pai, Salomão Borges. Seu último trabalho, “Céu de Giz”, gravado com Zeca Baleiro, chegou às plataformas em agosto de 2025.
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Lô Borges: legado na música brasileira
Lô Borges compôs algumas das canções mais belas e simbólicas da MPB, como “Paisagem da Janela”, “O Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Tudo Que Você Podia Ser”. Sua musicalidade, marcada por harmonias complexas e letras sensíveis, influenciou gerações de artistas.
Em 2005, o cantor recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira por “Rio da Lua”. Além de músico, Lô também era artista visual e criava capas de álbuns com traços próprios e poéticos.
Mesmo com o passar dos anos, manteve a paixão pela composição. “Compor é como amolar uma faca: se fico muito tempo sem criar, ela fica cega”, disse em entrevista à CBN em 2023.