Faustão e a fila de transplantes no Brasil: como funciona

Faustão e a fila de transplantes no Brasil: como funciona o sistema de prioridade

Faustão passou por transplantes rápidos após internação grave, reacendendo dúvidas sobre a fila única e os critérios de prioridade

O apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faustão, realizou dois transplantes de órgãos nas últimas quarta e quinta-feira, dias 6 e 7 de agosto.

Faustão, que tem 75 anos de idade, precisou passar pelas cirurgias após ser internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na manhã de quinta-feira, 7.

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A hospitalização — iniciada em 21 de maio — foi motivada por uma infecção bacteriana aguda, diagnosticada como sepse, uma condição grave que pode levar à falência múltipla de órgãos e até ser fatal, segundo boletim médico divulgado na sexta-feira, 8.

O ex-comandante do Domingão recebeu o transplante de fígado no dia 6 de agosto e o retransplante de rim no dia seguinte, 7 de agosto. Ambos os órgãos vieram do mesmo doador, e a cirurgia do rim já estava prevista há cerca de um ano.

Durante o período de internação, o apresentador foi “submetido a tratamento para controle da infecção, além de reabilitação clínica e nutricional, com o objetivo de estabilizar seu quadro de saúde”, conforme o boletim médico.

Faustão: histórico de transplantes

Essa não é a primeira vez que Faustão passa por transplante de órgãos. Em agosto de 2023, ele foi submetido a um transplante de coração, devido ao agravamento de insuficiência cardíaca.

Menos de um ano depois, em fevereiro de 2024, precisou fazer um transplante de rim, já que a função renal estava comprometida e ele necessitava de hemodiálise.

Com as cirurgias desta semana, Faustão já soma quatro transplantes realizados: um coração, um fígado e dois rins.

A rapidez na realização dos transplantes gerou questionamentos sobre possível favorecimento na fila de espera. Em resposta, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), usou suas redes sociais para esclarecer o caso:

"O Faustão fez o transplante porque já estava na fila de urgência. Casos como o dele são realizados com prioridade e podem ocorrer em até 48 horas. Só no ano passado, mais de 100 pessoas no SUS passaram por dois ou mais transplantes", explicou.

“Não há nenhuma irregularidade no caso do Faustão. Respeite o SUS, respeite o Faustão, respeite os profissionais de saúde”, completou Alexandre Padilha.

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Entenda os transplantes no Brasil

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ligado ao Ministério da Saúde, administra a maior rede pública de transplantes do mundo, garantindo acesso gratuito e integral aos pacientes, seja pelo SUS ou planos de saúde. No país, existe uma lista única de espera, que prioriza pacientes por critérios técnicos.

Atualmente, cerca de 46.718 pessoas aguardam por transplantes, sendo mais de 43 mil para rim.

A seleção dos pacientes é feita com base em critérios como tipo sanguíneo, dentre eles:

  • peso
  • altura
  • compatibilidade genética e anatômica
  • estado de gravidade
  • tempo de espera

Quando esses critérios são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro é usada como critério de desempate.

O tempo de espera varia conforme o órgão e a disponibilidade. Por exemplo, no transplante de coração, 27,5% dos pacientes esperam menos de 30 dias, enquanto 29% aguardam entre 30 e 90 dias.

Apesar dos avanços — como transplantes inéditos pelo SUS e aumento no número de doadores —, o Brasil ainda enfrenta desafios. Em 2024, foram realizados 30.300 transplantes, batendo o recorde anterior de 28.700 em 2023, mas a fila de espera segue grande.

Para aumentar a compatibilidade e reduzir o tempo de espera, o SUS implementou a Prova Cruzada Virtual, que simula a reação entre o soro do receptor e os antígenos do doador, antecipando possíveis rejeições.

A transparência e equidade são pilares do sistema brasileiro de transplantes, que busca aprimorar-se para salvar mais vidas.

Doação por doadores vivos

Pessoas vivas podem doar rim, parte do fígado, medula óssea ou pulmão. Pela lei brasileira, parentes até o quarto grau e cônjuges podem doar. Doadores sem parentesco só podem doar com autorização judicial.

Nesses casos, a doação é feita diretamente ao paciente, sem a necessidade de entrar na lista do SNT, seguindo critérios técnicos rigorosos. A doação deve ser espontânea e voluntária, com manifestação formal perante a Justiça, pois a venda de órgãos é proibida.

Além disso, o doador passa por exames para comprovar compatibilidade e assegurar a saúde do órgão.

No caso de Faustão, entretanto, os transplantes realizados esta semana ocorreram após acionamento da Central de Transplantes do Estado de São Paulo, segundo o Hospital Albert Einstein.

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