Neil Young x Spotify: o que se sabe sobre o conflito ligado a Joe Rogan

A discografia de Neil Young foi removida do catálogo do Spotify após o artista se posicionar contra o podcast do comediante Joe Rogan, criticado por disseminar desinformação sobre a Covid-19. Veja o que se sabe sobre o conflito

A discografia do cantor estadunidense Neil Young foi removida do catálogo do Spotify após o artista se posicionar contra a presença de um podcast do comediante Joe Rogan, que já foi criticado por disseminar desinformação sobre a Covid-19. Segundo divulgou o portal Newsweek, Young tinha seis milhões de ouvintes mensais na plataforma, enquanto o podcast de Rogan alcançava uma estimado de 11 milhões.

O POVO detalhou os acontecimentos envolvendo Young, Rogan e Spotify. Confira abaixo:

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Neil Young x Spotify e Joe Rogan: cantor publicou carta aberta

Neil Young publicou uma carta aberta, direcionada a seu agente e sua gravadora, em seu site oficial na segunda-feira, 24. No texto, ele afirmou que estava escrevendo porque “o Spotify está espalhando informações falsas sobre vacinas – potencialmente causando a morte daqueles que acreditam na desinformação espalhada. Por favor, corrija isso imediatamente e me mantenha informado sobre o andamento”.

O cantor de rock então especificou que a decisão de publicar uma carta aberta sobre o assunto foi gerada pelo podcast The Joe Rogan Experience, liderado pelo comediante, artista marcial e comentarista Joe Rogan. Seu podcast é o mais popular do Spotify. Rogan assinou um acordo de US$ 100 milhões em 2020, dando ao Spotify direitos exclusivos do programa. “O Spotify tem a responsabilidade de mitigar a disseminação de desinformação em sua plataforma, embora a empresa atualmente não tenha uma política de desinformação”, disse Young.

“Quero que o Spotify saiba imediatamente que eu quero todas as minhas músicas fora da plataforma deles… Eles podem ter Rogan ou Young. Não ambos”, declarou o cantor. A carta aberta foi eventualmente removida do site de Young, mas seu agente, Frank Gironda, confirmou a autenticidade do texto ao portal The Daily Best. “É algo realmente importante para Neil. Ele está muito chateado... estamos tentando resolver isso”, disse ele.

Neil Young x Spotify e Joe Rogan: discografia sai do catálogo

Na quarta-feira, 26, Young conseguiu que o Spotify retirasse suas músicas após o ultimato que lançou. Ele postou uma segunda mensagem em seu site, agradecendo à gravadora Reprise Records, da Warner Bros., por seu apoio “em nome da verdade”. No texto, afirma que o Spotify gera 60% de sua renda musical. Ainda assim, pensa que o boicote vale a pena. “Mentiras são vendidas por dinheiro”, escreveu. “Percebi que não poderia continuar apoiando a desinformação do Spotify, que representa um risco à saúde entre os amantes da música”.

Em um comunicado, a empresa declarou que “todos queremos que todo o conteúdo de música e áudio do mundo esteja disponível para os usuários do Spotify. Com isso, vem a grande responsabilidade de equilibrar a segurança para os ouvintes e a liberdade para os criadores”. O streaming apontou ainda que tem “políticas de conteúdo detalhadas” e já removeu “mais de 20 mil episódios de podcasts relacionados à Covid desde o início da pandemia”. Por fim, lamentou a decisão de Young e disse que “espera recebê-lo de volta em breve”.

Após a remoção da discografia, o Apple Music, que também é um serviço de streaming de música, colocou Neil Young como destaque de sua página inicial e disponibilizou diversas playlists e faixas exclusivas do cantor. Nas redes sociais, se autointitulou a “casa” do artista. O streaming chegou ainda a enviar notificações push para seus usuários, lembrando da presença do cantor em seu catálogo.

Neil Young x Spotify e Joe Rogan: desinformação sobre Covid-19

Menos de um mês antes da publicação de Neil Young, 270 médicos, cientistas e profissionais da saúde dos Estados Unidos publicaram uma carta aberta solicitando que o Spotify implementasse uma política de controle da desinformação na plataforma. A movimentação foi motivada por Joe Rogan, devido ao “histórico de desinformação, particularmente em relação à pandemia de Covid-19” transmitida pelo podcaster.

O texto citou um episódio do podcast em que Rogan entrevistou Robert Malone, um virologista que estava envolvido na tecnologia de vacinas mRNA, mas tem sido criticado por espalhar falsas notícias sobre imunização. No podcast, ambos comentam diversas teorias conspiratórias, como a de que hospitais estariam sendo incentivados a falsamente diagnosticar mortes como tendo sido causadas pela Covid.

Embora tenha histórico de falas controversas e/ou preconceituosas, Joe Rogan mantém popularidade significativa nos EUA. Ele tem 54 anos e é comentarista de UFC, além de humorista, apresentador e artista marcial. Além de comentários racistas e transfóbicos, Rogan já se posicionou contra a vacinação e a favor de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.

Em 2020, afirmou que “ativistas de esquerda” teriam ateado fogo a florestas do Oregon, nos EUA, e causado os incêndios que devastaram parte da região na época. Em outro episódio, ele convidou o comediante Joey Diaz ao podcast; o convidado contou que forçava mulheres a fazerem sexo em troca de conseguirem se apresentar em clubes de comédia. Enquanto Diaz relatava os abusos, Rogan ria e batia palmas.

Neil Young x Spotify e Joe Rogan: queda nas ações

A capitalização de mercado do Spotify caiu cerca de US$ 2,1 bilhões (cerca de R$ 11,2 bilhões na cotação atual) entre 26 e 28 de janeiro, período marcado pela saída de Neil Young da plataforma. Nos três dias, as ações da empresa caíram 6%, segundo reportou o portal Variety no sábado, 29.

Atualizada às 10h54min de 30/01/2022

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