Paulo Vieira questiona visões gordofóbicas: "O gordo não beija, não transa"

Convidado do programa Provoca, o ator também falou sobre a infância difícil e o sonho de ser artista desde criança

O ator e humorista Paulo Vieira será o convidado do Provoca da terça, 13 de junho. Na conversa com Marcelo Tas, o artista fala sobre sua trajetória na arte, como a ansiedade da mãe o ajudou a se encontrar na comédia e como é ser preto e gordo. O programa vai ao ar a partir das 22h, na TV Cultura.

De origem humilde, Paulo fala sobre as dificuldades que teve em ser pobre e sonhar com a vida artística. "Eu acho que escolher é um privilégio (...) que, às vezes, o pobre não pode se dar. Principalmente quando você vem de uma realidade onde precisa sobreviver, garantir a sua e dos seus, resolver ser artista é uma decisão quase egoísta. Imagina que meu pai estava contando comigo para o futuro da família. Como é que eu falo que eu vou ser artista? É como... jogou todas as fichas dele no lixo", explica.

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Ele também conta que desde os cinco anos chorava porque queria estar na televisão. "Eu me lembro de ver um show que tinha a Angélica ou Tony Garrido com algumas crianças e chorar, sofrer e pensar: mais um ano que eu não estou na televisão. Todo programa Criança Esperança para mim era um sofrimento (...) então eu sempre soube que queria ser artista", diz.

O humorista conta que no início queria ser "ator sério" porque achava a comédia inferior, mas a partir de uma experiência com a mãe, mudou de ideia. "Quando a gente se mudou para o Tocantins, minha mãe tinha síndrome do pânico e a gente não tinha condições de pagar os remédios". A médica também aconselhou que quando a mãe começasse a ficar ansiosa, era necessário uma distração.

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"E eu peguei essa missão para mim, de distrair a minha mãe. Quando ela começava a ficar ansiosa, eu imediatamente colocava um pano na cabeça, imitava minha vizinha, propunha brincadeiras (...) esse episódio com a minha mãe fez com que eu olhasse para a comédia com outros olhos, porque minha mãe foi parando de ter as crises de pânico e nunca mais teve. A comédia cura", disse.

Sobre ser preto e gordo, ele desabafa: "Eu tô na Globo, mas, por exemplo, não tô fazendo a novela das 9. Estou em num lugar que eu posso estar, né? Quando a pessoa escreve assim: Claudio entra e beija a sua esposa, automaticamente o Claudio não é gordo porque ele tem uma esposa. A gente passou por um processo que o gordo é assexualizado imediatamente. O gordo não beija, não trepa, não transa, sobretudo o preto gordo".

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