Games: Com visual incrível, 'Returnal' convida a explorar os mistérios do planeta Átropos

"Returnal" é belo e misterioso, mas traz uma proposta de valor que divide opiniões

Na vida real, a noção de que todos nós morreremos um dia, apesar de real e constante, é um dos temas mais difíceis de abordar em uma conversa ou de se refletir sobre. Curiosamente, nos videogames, a morte é parte integral da maioria dos títulos e alguns, como “Returnal”, a usam como mecânica para tornar sua experiência de jogo diferente e interessante. Apesar da nova geração ter chegado em novembro de 2020, ainda são poucos os títulos que fazem uso do enorme potencial dos novos consoles. Neste ambiente ainda escasso de títulos, mas com grandes promessas, seria “Returnal” uma delas?

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“Returnal” é um shooter em terceira pessoa exclusivo para o novo Playstation 5 e produzido pela Housemarque. O título expande os horizontes do estúdio – que ficou famoso por jogos como “Dead Nation” e o excelente “Resogun” – e une à já reconhecida jogabilidade refinada dos games da Housemarque, elementos narrativos e uma qualidade visual impressionante.

Seu enredo acompanha Selene Vassos, uma exploradora espacial que recebe a missão de investigar mundos distantes e obscuros. Pegando emprestado referências visuais do universo da franquia “Alien”, de Ridley Scott, a história do game leva Selene e o jogador a explorar as ruínas de uma civilização misteriosa e diversos biomas que variam de florestas sombrias e escuras a vastos desertos de areia vermelha e com criaturas aterrorizantes.

“Returnal” transborda de qualidade no quesito visual e nos detalhes que aumentam a imersão no mundo do jogo. O planeta Átropos – palco do jogo – exibe fauna e flora únicos e uma atmosfera constante que demonstra tons macabros, mas, ao mesmo tempo, instigantes. É impossível não querer explorar as diferentes salas que separam Selene de entender melhor o destino da civilização arruinada e seu papel na trama que se inicia a partir da sua chegada.

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Um dos pilares principais da jogabilidade do game surge ao primeiro fracasso do jogador em vencer as forças hostis que o impedem de seguir adiante. Após a sua morte, Selene é misteriosamente levada de volta ao início de sua jornada em Átropos e um novo ciclo da personagem se inicia no planeta. Com uma mistura de “Metroid” e “Dark Souls”, “Returnal” pertence à classe dos Roguelikes, games em que a cada morte, o jogador retorna ao começo retendo apenas uma parte de seu progresso. Tal roupagem e seu alto valor de produção tornam o título único e, de certa forma, divisivo também.

Um dos pontos altos de 'Returnal" é o visual e o cuidado nos detalhes que aumentam a imersão no mundo do jogo
Um dos pontos altos de 'Returnal" é o visual e o cuidado nos detalhes que aumentam a imersão no mundo do jogo (Foto: Divulgação)

Cada morte se torna uma chance nova de aprender com os erros e adaptar a jogatina para superar os próximos obstáculos. Durante o progresso, o jogador vai coletando itens permanentes que os auxiliam a acessar pontos antes inalcançáveis e avançar na narrativa do jogo. Em cada novo ciclo, a geografia do planeta é refeita e novos espaços surgem para serem explorados. Os inimigos também mudam e podem aparecer em cantos inesperados. Cada fim se torna, assim, um novo recomeço.

Para combater a frustração e a repetição enfadonha, a cada novo ciclo, o jogador pode desbloquear também portões, garantindo atalhos e maneiras de trafegar pelos diferentes biomas mais rapidamente. Apesar disso, um dos pontos mais problemáticos de "Returnal" se dá pela incapacidade de salvar o progresso no meio de uma investida. Sendo assim, é quase impossível jogá-lo aos poucos, exceto começando desde o início a cada nova jogatina.

Relação custo benefício

Inspirado na franquia 'Alien', 'Returnal' se passa no planeta Átropos, que exibe fauna e flora únicos e uma atmosfera de tons macabros e instigantes
Inspirado na franquia 'Alien', 'Returnal' se passa no planeta Átropos, que exibe fauna e flora únicos e uma atmosfera de tons macabros e instigantes (Foto: Divulgação)

Outro questionamento acerca do game que merece atenção é seu preço de etiqueta. Títulos roguelike geralmente são vendidos a preços com desconto. Mas por conta de seu alto valor de produção, "Returnal" é vendido a preço cheio e pode custar mais de R$300, um valor elevado e que coloca em dúvida a relação custo-benefício do título a qualquer consumidor consciente dono de um PS5.

Além de seus gráficos e visuais refinados, o argumento que mais justifica a compra do game talvez se encontre literalmente nas mãos do jogador. A integração entre "Returnal" e o feedback tátil presente no controle dualsense é impressionante. São inúmeros os tipos de sensação que o controle demonstra nas mãos do usuário a cada nova interação com ambientes, eventos e inimigos no título. Desde os pingos da chuva até a abertura de um vórtice no tempo-espaço são representados de maneira tátil de modo quase indescritível. É uma experiência, que surpreende e entrega de fato uma sensação de “next-gen” (inovação, própria dos consoles da nova geração) ao ser experienciada.

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Apesar de desafiador e um tanto quanto injusto, "Returnal" pode ser viciante. A jogabilidade responsiva e fluida, a qualidade gráfica e a narrativa interessante são capazes de prender a atenção e tornar difícil o ato de parar de jogar o game. Apesar de repetitivo, o mundo criado pela Housemarque e seus habitantes conseguem cativar e Selene é uma personagem feminina interessante e diferente. Sua relação com o planeta alienígena, mesmo um pouco clichê, garante momentos de surpresa incríveis e um "plot twist" no meio da jornada aumenta a vontade de qualquer jogador em repetir quantos ciclos forem necessários até alcançar o final do game.

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Em uma situação em que há pouquíssimos títulos exclusivos que justifiquem o alto valor de um console da nova geração aqui no Brasil, "Returnal" é uma boa pedida. Dito isso, se você tiver paciência, vale a pena esperar um pouco por futuros descontos que diminuam um pouco o preço elevado do título por aqui.

Serviço:
"Returnal" está disponível exclusivamente para o Playstation 5

Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico

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