Lockdown: Como cuidar da saúde mental nos próximos dias de reclusão

|HÁBITOS | Recriar uma rotina produtiva, saudável e organizada é essencial para manter mente e corpo sãos nesta nova temporada de isolamento rígido

Em meio ao lockdown, mais adaptações nas rotinas são feitas. Ao mesmo tempo em que a vida continua, o medo e a incerteza ainda estão presentes após um ano de pandemia. Devido ao aumento de casos, o isolamento severo foi anunciado em Fortaleza, na última quarta (03/03). A medida protege a saúde física, mas é preciso dar atenção à saúde mental durante mais um período em casa.

O fato de já ter acontecido um lockdown anteriormente pode ser um fator reconfortante para alguns, por já saberem lidar com a situação, como também pode ser desesperador, dependendo da experiência vivida no ano passado. Para a psicóloga e psicanalista Eveline Câmara, apesar do lockdown ser necessário, ele também traz sofrimento. "Com essa questão do lockdown, as pessoas passam o máximo de tempo possível dentro de casa. Para a sociedade, toda vez que há uma forma em que nós somos impedidos de ir e vir, é como se fosse uma punição. É tido como um sofrimento", diz ela.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Para cuidar do emocional durante esse período é preciso organizar a vida e adotar hábitos saudáveis. Para o psicólogo Luiz Coelho Neto, especialista em perdas e luto, é possível manter a saúde física e psicológica mesmo estando em casa. "Em tempos de pandemia é natural uma potencialização das dores uma vez que sofremos mudanças radicais em nossas vidas, onde precisamos de isolamento social, confinamentos e muitas outras mudanças em nossas rotinas", diz ele.

A psicóloga clínica e neuropsicóloga Noélia Marques sugere atividades simples e prazerosas que possam ser feitas em casa para cuidar da saúde emocional, como reunir a família em volta da mesa para um lanche e conversas descontraídas, resgatar atividades lúdicas que possam ser realizadas em família, cultivar valores pessoais, tais como a gratidão, esperança e comunicação não violenta.

"O ser humano é um ser eminentemente social e por isso diante da necessidade do afastamento pelo medo da contaminação, ou para proteger as pessoas que amam desenvolvem sintomas de humor, tais como ansiedade, preocupação excessiva e insegurança. Manter reuniões on-line com os familiares, criando espaços de conversas e trocas de afetos minimiza os impactos do distanciamento", aconselha a psicóloga.

Helder Lima, professor e administrador do RAM das Yoga e Terapias, acredita que esse lockdown chega num momento de maior fragilidade das pessoas, comparado ao ano passado. Para lidar com esse novo período, ele conta com a experiência de 2020, oferecendo técnicas e práticas curtas de yoga e meditação através das redes sociais. "Recebemos muitos relatos do quanto isso foi positivo para as pessoas e é o que vamos fazer agora", diz ele. Helder recomenda a prática de yoga para combater o estresse que pode ser agravado durante o período de isolamento.

Desde março de 2020, as aulas do RAM acontecem online. Para garantir que o exercício feito em casa tenha a mesma eficácia dos exercícios presenciais, Helder aconselha encontrar um espaço onde você se desligue e dedique seu tempo à atividade. "Se determinem a se dar esse tempo, porque o que a gente vive no lockdown é muito impactante. É importante que realize a prática, porque só ela faz você viver a experiência" afirma ele.

Além das atividades físicas, a administradora, coach e mestranda em Psicologia, Bianca Sales Cardoso, aconselha exercícios mentais para cuidar da saúde emocional. "Uma prática que vem se tornando cada vez mais popular é a do mindfulness — ou atenção plena, em português. É um exercício constante que possibilita adquirir maior consciência sobre pensamentos, sensações e emoções", afirma Bianca.

O mindfullness traz consciência para o momento presente, além de auxiliar no tratamento de doenças como depressão e ansiedade. A atenção plena ajuda a perceber as próprias emoções e saber lidar com elas. Através da técnica é possível diminuir a ansiedade pelo futuro e permanecer no presente.

Outro ponto importante é saber lidar com as perdas desse período. Para Eveline Câmara, a pandemia evidenciou o medo e a possibilidade da perda constante, seja econômica, afetiva ou de pessoas. Para lidar com o luto, o psicólogo Luiz fala que é prejudicial reter as emoções. "Estudos e experiências apontam que parte das depressões mais difíceis de serem tratadas e superadas são decorrentes de lutos mal elaborados, quando o enlutado não assimila a perda. Em certos casos esse estado é considerado como uma reação psíquica onde involuntariamente, ou seja, inconscientemente, o enlutado nega essa dor. Portanto, é de grande importância encorajar as pessoas a viverem os seus lutos e os ressignificarem", afirma ele.

"Considero a melhor ajuda para um(a) enlutado(a) a escuta. Seja essa escuta feita por profissionais, grupos de ajuda, familiares, amigos e também cada um conectar-se a sua espiritualidade de acordo com o seu tipo de crença. Sabemos que nem todas as pessoas têm acesso a serviços e atendimentos que são oferecidos, então torna-se necessário e eficaz que se procure acolhimento e apoio nessas outras alternativas que falei anteriormente", aconselha o psicólogo.

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

anúncio lockdown fortaleza consequências pandemia saúde mental alerta saúde mental

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar