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Arte cearense em mostra internacional de colagem

| Collage Art Exhibition | O fotógrafo e artista visual cearense Chico Gomes foi o único nordestino selecionado para a mostra, uma das mais conceituadas do gênero da colagem, que acontece na Polônia

Aberta até o final do ano em Varsóvia na Polônia, terceira edição da International Collage Art Exhibition, realizada na Galeria Retroavangarda Jerozolimskie Business Park, acolhe uma das obras de Chico Gomes, 58. O fotógrafo e artista plástico é o único cearense com trabalho selecionado. O feito também marca sua estreia, com a colagem, em uma exposição fora das redondezas Ceará-Brasil. "Já participei de outras exposições internacionais sim, mas na categoria Colagem é a primeira internacional e com o viés de ser a maior exposição dessa arte do mundo", dimensiona o artista sobre a importância do momento agora.

"Ter tido um trabalho selecionado nessa mostra é uma grande conquista como artista da colagem. Esta é a exposição mais cobiçada na área",  ressalta o artista, que se viu em uma reação de espanto ao saber que, este ano, faria parte da mostra. "Fui incentivado pelo amigo Maurício Planel Rossiello, grande colagista do Rio de Janeiro (que inclusive já esteve presente nas duas edições passadas e também está nessa) para enviar meus trabalhos, pois ele também achava que eu teria plenas condições de estar presente na exposição. Enviei o material no último dia de inscrição pela manhã e à noite quando cheguei em casa voltando do trabalho, lá estava o e-mail da curadora Anna Klos falando que havia sido selecionado. Desmaiei!", recupera Chico, frisando que só quatro brasileiros foram selecionados: dois do Rio de Janeiro, um de Curitiba e ele, do Ceará, representando o Nordeste.

A respeito do trabalho selecionado, ele também é quem diz. "Teve como ideia de confecção duas pessoas que tem medo de se relacionar e se escondem atrás de seus medos. A técnica, como não poderia deixar de ser, é colagem. Normalmente levo uma tarde inteira para desenvolver uma colagem, pensar no que fazer, espalhar o material por cima de três mesas e ir juntando imagens que dialoguem entre si dentro da temática pensada", rende-se, por completo, ao prazer dessa feitura.

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O artista só lamentou não poder comentá-la, in loco, apesar de chamado, porém, em outras circunstâncias. "Todos os selecionados foram convidados para estar presentes na exposição. A vernissage deveria ter acontecido em abril mas aí veio a pandemia, que impossibilitou a todos nós de estarmos presentes", lamenta. Mas não tem nada, não. Chico é persistente. "Se Deus quiser em 2021 irei submeter meu trabalho novamente e tenho certeza que vou ser selecionado e finalmente participar da abertura que é super linda e concorrida", planeja.

Até lá, ele não para. "Durante a pandemia cheguei a produzir 44 colagens, ou seja, fiz uma produção para realizar aqui em Fortaleza a primeira exposição de Art Collage da Cidade e logicamente minha primeira individual. Já recebi um convite da diretoria do Sobrado José Lourenço para fazer essa exposição por lá. A ideia é expor 40 colagens emolduradas bem como fazer também algumas instalações artística, na temática Colagem, dentro da exposição",  projeta Chico, expandindo barreiras. "Nessa pandemia também pude expor de forma virtual em exposições para todos os países da América Latina, Espanha e Portugal", menciona.

A paixão por colagens é tão forte que, em Fortaleza, ele fundou com Antonio Pinto e Gislene Andrade, há 25 anos, um grupo de arte colagistas de nome "Entre Aspas". "Nós nos reunimos uma vez por mês para conversar sobre a vida, espiritualidade, e também para produzir colagens. Chegamos a fazer algumas exposições coletivas, a última inclusive no shopping Aldeota no ano de 2018", rememora.

"Sou fotógrafo e desenvolvo paralelamente a isso meus trabalhos documentais e autorais. Já lancei um livro com a parceria de mais três amigos e no próximo ano irei lançar mais dois livros meus", anuncia. O primeiro será “Francisco de Canindé”, coletânea de seu trabalho documental feito durante 15 anos fotografando a Romaria de São Francisco das Chagas de Canindé.

"O livro vai ser em preto e branco e tem seu primeiro lançamento projetado para a cidade de Assis, na Itália", adianta detalhes. "Quanto à fotografia, os momentos mais marcantes, na realidade, são a possibilidade de conversar com os romeiros antes de fotografá-los. Saber de suas histórias, suas bênçãos, suas promessas e suas penitências. Entender que todos eles vêm muitas vezes de bem distante, às vezes a pé, em transportes sub-humanos, mas cumprem com amor e fé suas promessas. Retrato essa romaria em preto e branco pois são histórias de sofrimento bem dramáticas e nada melhor que o preto e branco para acentuar mais ainda esse drama", comenta.

Chico também lançará, em breve, o livro "Na Avenida - Maracatus e Afoxés", um trabalho de documentação do Carnaval de Fortaleza feito em 14 anos de registros desses desfiles. "Nesse caso vou fazer uma separação das imagens dos Maracatus e Afoxés", adianta. Nessa seleção, estarão imbricadas fotos, arte, olhar e vivências do profissional e artista.

"Na fotografia o meu maior ensinamento foi o de aprender que cada ser humano tem sua história, suas vivências, seus fracassos e sucessos. Que todos lutam por um lugar ao sol e querem ser felizes. Na colagem aprendi que, se você acredita em seu potencial, vá em frente, acredite que é possível. Corra atrás de pesquisar sobre sua arte, desenvolva seus trabalhos e sempre pesquise o que está acontecendo dentro de sua arte no mundo contemporâneo", deixa como ensinamento.

 

 International Collage Art Exhibition 2020

Quando: até 31/12/2020

Onde: retroavangarda.com/international-collage-art-exhibition-2020/

Acesso gratuito

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