Participamos do

Moraes Moreira: uma obra celebrada por Fortaleza

Moraes Moreira morreu nesta segunda-feira, 13, aos 72 anos, deixand um legado na música por inovar em vários ritmos
15:22 | Abr. 13, 2020
Autor Clara Menezes
Foto do autor
Clara Menezes Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

“Foi um dos maiores artistas que o Brasil já teve”. É assim que Mateus Perdigão, integrante do bloco Luxo da Aldeia, acredita que Moraes Moreira deve ser lembrado após sua morte. O novo baiano morreu nesta segunda-feira, 13, em sua casa no Rio de Janeiro, sendo um dos ícones da música brasileira. Com uma mistura de ritmos, percorreu diversas experimentações sonoras durante sua trajetória como cantor e compositor solo e também como integrante do mítico Novos Baianos.

Considerado o primeiro cantor de trio elétrico do País, deixou um legado importante para o Carnaval. No Ceará, o repertório dos blocos carnavalescos tem alusões a suas composições, muitas em parceria com o amigo poeta Fausto Nilo. “As músicas dele com o Fausto viraram uma referência no Carnaval do Luxo da Aldeia e de outros blocos. Ele sempre foi uma referência de Crnaval não só aqui, mas no Brasil todo”, diz Mateus Perdigão.

Exemplo disso é, também, o nome do bloco da banda Transacionais, chamado “Chão da Praça”, por causa da canção composta por Moraes Moreira e Fausto Nilo. “A gente também tinha um show específico de Moraes Moreira e do Alceu Valença. Tínhamos outro dos Novos Baianos”, lembra Jolson Ximenes, baixista e vocalista.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Leia também | A praça, a "pipoca" e seus muitos povos

Além do período carnavalesco, foi uma influência para diversos outros artistas. É o caso do guitarrista Mimi Rocha. “Moraes foi sempre uma grande influência na minha carreira, com seu toque de violão e por toda sua criação desde o tempo dos Novos Baianos. Aquele violão dele sempre me influenciou muito”, afirma.

O grupo musical que fez parte da trajetória do artista durou aproximadamente uma década, mas até hoje ecoa canções pelo País. “É muito difícil de surgir algo parecido com eles novamente, com tanta originalidade, força e personalidade. Ele deu frutos individuais: todos são artistas consagrados. Foi uma experiência única no Brasil”, considera Mateus. Essa mesma importância é considerada também por Mimi, que tem como inspiração toda a “turma”.

“É uma notícia triste de um cara que só trazia alegria. Quero que ele seja lembrado sempre como um grande criador, como um grande gênio. Ele vai deixar uma grande lacuna, mas espero que as novas gerações beba dessa fonte que ficou na obra”, deseja Mimi. Para Jolson Ximenes, sua obra é indiscutível. “A contribuição que ele deu para a música brasileira foi muito grande. Que o brasileiro seja grato a tudo que ele nos ofereceu. Foram mais de cinquenta anos de carreira dedicada a mostrar o Brasil para o mundo”, reflete.

O músico e historiador Pedro Rogério também comenta: "a ida de Moraes aumentou em muito minha saudade de Augusto Pontes, Petrucio Maia, Claudio Pereira, Francis Vale, Stelio Vale, Eugênio Stone, Edson Távora, Belchior... E aumenta minha vontade de apreciar a arte dos Faustos Nilos, Cirinos, Ricardos Bezerras, Rodgers, Tetis, Amelinhas, Ednardos, Fagners, Manassés e por aí vai...". 

Para fãs e admiradores, a trajetória de Moraes Moreira será eterna. Ele é, para sempre, o Carnaval de cada esquina, o zum-zum no meio do mundo. (Colaborou Lillian Santos)

Leia também | Moraes Moreira, de cantor a cantador

Gilberto Gil sobre Moraes Moreira: "Deixa saudade e uma grande obra"; confira homenagens

Festa no Céu

O último encontro de Amelinha e Moraes Moreira foi no aeroporto. “Foi muito lindo, eu tava de um lado e ele do outro. Ele olhou, apontou para mim, a gente se abraçou”, recorda. Essa memória que guarda do cantor mostra um pouco do que acontecia quando se viam, quase sempre, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.

Suas trajetórias se cruzaram quando Amelinha tinha acabado de se mudar para São Paulo, na década de 1970. Vivendo em uma república com sua irmã, conheceu o disco dos Novos Baianos. “Foi algo esplêndido. Eles chegaram com aquela alegria, energia, irreverência, com músicas diferentes, diferente do samba”, lembra.

Em viagens que fazia para visitar Fagner no Rio de Janeiro, era levada para o sítio que diversos artistas ficavam e jogavam futebol, incluindo os integrantes dos Novos Baianos. “Foi uma época que teve toda essa singularidade, essa particularidade. Todos eles eram maravilhosos. Eles tinham muita personalidade, chegaram alegrando”, diz.

Com algumas gravações em homenagem ao Moraes Moreira, acredita que ele foi de fundamental importância para a música. “Sinto muita falta. Mas o que eu tenho a dizer é sobre sua contribuição para a música brasileira, em que mudou comportamentos. É um grande amigo que se vai. Às vezes, acho até que os mais forte vão na frente”, lamenta. Sobre sua alegria e suas músicas que transformaram gerações, Amelinha finaliza: “ele foi fazer uma festa no céu”.

Homenagens na internet

Nas redes sociais, artistas relembram a importância de Moraes Moreira para a música brasileira e prestam homenagem ao músico. 

Fausto Nilo, amigo há mais de quatro décadas e parceiro musical, escreveu: "Partiu meu querido amigo e parceiro e tenho certeza que ele está bem. Meus sentimentos para todos de sua querida família".

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar