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Morre a galerista cearense Bia Perlingeiro

Ao lado do marido Max Perlingeiro, Bia trouxe alguns dos principais marcos artísticos à Capital a partir de exposições na Galera Multiarte
18:13 | Abr. 04, 2020
Autor João Gabriel Tréz
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João Gabriel Tréz Repórter
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Tipo Notícia

Atualizado às 20 horas

Morreu na tarde deste sábado, 4, no Rio de Janeiro, a galerista cearense Bia Perlingeiro. Um dos principais nomes do circuito artístico de Fortaleza, ela comandava ao lado do marido, Max Perlingeiro — com quem já estava junta há mais de 30 anos — a Galeria Multiarte, que já recebeu exposições de artistas como Cícero Dias, Irmãos Campana, Tomie Ohtake e Candido Portinari. Ainda não há informações oficiais sobre causa da morte.

Bia estava no Rio de Janeiro desde pelo menos o dia 14 de março por conta de compromissos profissionais, tendo comparecido com Max à abertura da exposição dos Irmãos Campana no Museu de Arte Moderna. Dias depois, a capital carioca entrou em quarentena e o casal acabou seguindo na cidade, em isolamento social num apartamento. Em dado momento, a galerista precisou de atendimento hospitalar e ficou internada, vindo a falecer. 

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Além da Multiarte, Bia e Max, junto ao filho Victor Perlingeiro, ainda administravam outras duas galerias de arte, as sedes do Rio de Janeiro e de São Paulo da Pinakotheke Cultural. Na galeria de Fortaleza, ocorriam os Grupos de Estudos Multiarte, projeto pessoal de Bia criado com o intuito de estabelecer um espaço de debate e reflexão sobre a história da arte.

Victor Perlingeiro postou nas redes sociais nota conjunta assinada por ele e pelo pai confirmando a morte. “É com imenso pesar que informamos que nossa Bia encerrou hoje sua jornada entre nós. Nesse momento de dor e consternação, pedimos a Deus que dê conforto a todos nós para que possamos enfrentar esta dor imensurável com serenidade. Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com ela, mulher, mãe, amiga, irmã, profissional ímpar, que deixa um lindo legado de amor, firmeza e coragem”, afirma o texto. “Que possamos mantê-la em nossa lembrança e nos nossos corações como a pessoa que ela sempre foi. A família agradece as condolências”, finaliza.

O legado de aprendizados e delicadezas é sentido cristalinamente nos depoimentos de amigos e amigas sobre Bia. "A arte nos uniu. A gente se conhece no curso de Belas Artes da Universidade de Fortaleza (criado em 2008), na primeira turma. Ela era uma pessoa extraordinária, de força vital magnânima, que nunca transparência fraqueza, uma taurina fortíssima, mas de coração gigante. Uma pessoa que se doou muito para todo mundo, as pessoas vindo em primeiro lugar", rememora a amiga e curadora Luciana Eloy, também professora dos grupos de estudos comandados por Bia. "O que ela deixou e plantou é a possibilidade da construção do olhar para o mundo através da arte. Ela planta isso, a possibilidade de você enxergar o mundo com um olhar poético, aquele que a gente precisa realmente lançar", reforça Luciana.

Professora de História da Arte, Ana Valeska Maia Magalhães define a galerista como "uma grande pessoa, com uma visão de mundo comprometida com a arte, com a vida e com o outro". "A perda de uma pessoa como a Bia é gigantesca para todos os que conviviam com ela e também para a cidade. Ela planejava cada detalhe, cor, textura, aroma e sabor para que tivéssemos uma experiência ao entrarmos na Multiarte. Idealizou e coordenou os grupos de estudos em arte, que iniciaram há sete anos, com dedicação e compromisso como nunca vi na vida. Aprendi muito com ela, uma mulher forte, inteligente, visionária. Ao longo desse tempo, como professora nos grupos, acompanhei a importância da Bia na vida das pessoas. Ela dava assessoria para o que precisassem no estudo da arte, sempre com muita atenção e carinho", destaca Ana Valeska.

Curadora de arte e presidente do Instituto Sérvulo Esmeraldo, Dodora Guimarães destaca a "universidade informal" criada por Bia na Multiarte. "Bia leva com ela a ternura e a fortaleza de uma mulher que tinha doçura na alma. A arte cearense perde uma aliada, uma guerreira de flecha certeira. A arte brasileira também fica órfã de Bia. Ela formava com o galerista e editor Max Perlingeiro um 'casal-oxigênio' na cena nacional. Na capital cearense, ela com o seu perfume de orquídea criou uma universidade informal de arte e cultura na Galeria Multiarte. Sob o discreto nome de Grupos de Estudos Multiarte, Beatriz Castelo Perlingeiro regeu uma história transformadora e civilizatória do ponto de vista artístico", afirma Dodora.

“Uma mulher forte, lindíssima. Tão incrível o que ela fazia por todos nós! Seu capricho, sua maestria em conduzir tantas coisas, e grupos, e pessoas, e artistas, e aprendizes, e amigos, e família. A Bia era vocacionada para desenvolver pessoas. Eu falo porque fui uma pessoa conduzida, acompanhada e desenvolvida pela Bia. Ela causou muitas transformações na minha vida, fazendo com que eu buscasse o meu melhor”, divide a estilista Bianca Cipolla. “Quero fazer jus a minha mestre e seguir como sua discípula, espalhando amor, cuidado e beleza por onde eu passar, tal qual ela ensinou todos nós a fazer com seu exemplo”, avança. “Minha querida amiga Bia, você vai deixar muitas saudades! Quanto aprendi com você! Como você me inspirou em muitos aspectos! Parabéns pela mulher que você foi, unia elegância e simplicidade. Aos meus amigos Max e Victor meu abraço apertado na alma de vocês com todo o meu amor”, destaca a arquiteta Ticiana Rolim Queiroz.

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