Novo presidente da Anfavea mira na competitividade
Márcio de Lima Leite confirmou para terça-feira uma reunião da nova Diretoria da Anfavea e um grupo de CEOs das montadoras no Brasil com o ministro da Economia, Paulo Guedes. A pauta inclui a pressão pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), uma pauta que interessa diretamente ao NordesteO novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, afirma que as montadoras têm como maior desafio buscar competitividade. Perguntado pelo Blog sobre a possibilidade de novas montadoras decidirem não mais fabricar no Brasil, como fez a Ford em janeiro de 2021, ele minimizou o tema. "Não podemos olhar a montadoras apenas como montagem de veículos. Este ecossistema é um combinado de ações, de inteligências e de competitividade para o País".
No caso específico da Ford, disse Márcio, a montadora "tem presença relevante e robusta e um novo olhar do que é o conceito de industrialização". Para ele, o conceito inclui conceito de desenvolvimento, engenharia e pesquisa. "Isso me parece que a Ford tem privilegiado e tem encontrado no Brasil terreno muito fértil para isso".
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AssineUma das bandeiras da Associação é a inspeção veicular, para tirar das ruas os carros mais antigos e sem condições de tráfego. Menos carros antigos, mais vendas de novos. Esta é a estratégia.
Ele destacou a capacidade instalada para produzir 4,5 milhões de unidades - embora com mais de 50% ociosa desde o início da pandemia - e também a possibilidade de entrar em outros mercados. No ano passado, 350 mil carros deixaram de ser fabricados no País. Este ano, já 100 mil não foram montados. “Desafio é competitividade da porta para fora. Temos produtos competitivos em qualquer país do mundo”, disse na posse. “Temos produtos que são desejados.”
O novo presidente não se deteve na crise dos semicondutores, um problema mundial. Ele alertou para a necessidade de manter vivo o chamado “ecossistema de fornecedores”. Segundo ele, são 98 mil empresas que vivem dentro desse “ecossistema”.
Ele confirmou para terça-feira uma reunião da nova Diretoria da Anfavea e um grupo de CEOs das montadoras no Brasil com o ministro da Economia, Paulo Guedes. A pauta inclui a pressão pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), uma pauta que interessa diretamente ao Nordeste.
A propósito, as transferências constitucionais de Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM) - a base das finanças de muitas prefeituras - depende do IPI. Corresponde a 22,5% da arrecadação líquida do Imposto de renda e do IPI.
Como vem ponderando a Anfavea há alguns anos, o novo presidente advertiu para a transição para os carros elétricos. Ele lembrou que o Brasil precisa olhar com atenção para o potencial do etanol.
Márcio é vice-presidente de assuntos jurídicos, tributários e de relações institucionais da Stellantis (dona da Fiat, Jeep e outras) na América do Sul e tem mandato na Anfavea até 2025. A Diretoria passa a contar ainda com Marina Willisch como 1ª vice-presidente, Gustavo Bonini como vice-presidente Tesoureiro e Antônio Calcagnotto como vice-presidente Secretário.
QUEM É MÁRCIO
Mineiro de Belo Horizonte, Márcio de Lima Leite é advogado e contador. Tem mais de 24 anos de atuação profissional no setor e vivência por quase uma década nas consultorias KPMG e Deloitte, antes de ingressar na Fiat. É mestre em Direito Empresarial e pós-graduado em Gestão Estratégica, com especialização em Finanças. Atualmente é professor convidado de pós-graduação da PUC-MG. Já foi professor da UFMG e da Fundação Dom Cabral.
Nos últimos cinco anos conduziu a diretoria de desenvolvimento de novos negócios, relações institucionais e gestão tributária, diretamente envolvido com a gestão dos segmentos de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e de construção, motores e componentes.
Na Anfavea, vinha atuando como vice-presidente desde 2017.
* O jornalista viajou a São Paulo a convite da Anfavea