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Apitos da paz: Sean Carasso convoca os campuseiros a mudarem o mundo através da Internet

Empreendedor social é palestrante de destaque na CPRecife. Programação segue até domingo, 27, no Centro de Convenções Pernambucano
08:59 | Jul. 25, 2014
Autor Amanda Araújo
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Tipo Notícia
Conectar o mundo todo e usar os mecanismos do capitalismo para transformar uma realidade desigual. Contraditório ou não, foi com coragem e Internet que o empreendedor social Sean Carasso conseguiu sensibilizar o mundo todo para a guerra do Congo. A campanha Falling Whistles (“Apitos da paz”) foi apresentada como um modelo a se seguir para os campuseiros, na noite da última quarta-feira, 25, no palco principal da CPRecife3.

“Essa é foto de um idiotazinha arrogante”, apontou Sean para uma imagem de quando tinha 25 anos e foi viajar o mundo. Quando chegou ao Congo, ele, que viveu na Califórnia até os dez anos e depois foi para o Texas, se deparou com crianças que viviam totalmente diferente dele: eram espancadas por crimes de guerra após serem recrutadas para matar. “Eram meninos de 11 anos que seguravam armas e estavam longe da família há quatro anos”, comenta.

[SAIBAMAIS 2] Em meio à guerra, Sean encontrou beleza e afeto. Ele não conseguiria viver da mesma forma sem fazer algo por aquelas crianças, algumas que eram mandadas para a linha de frente da guerra com apitos. “Aqueles meninos me explicaram que os menores recebiam apenas um apito para chamar atenção do inimigo. Se morressem, serviriam como escudos humanos”, relembra.

Ele ainda não tinha um plano ou ideia para ajudar aquelas pessoas, mas não conseguia parar de relatar e gritar com os outros sobre a guerra do Congo. “Voltei para os EUA, me chamavam pra festas e eu ficava gritando ‘Tem pessoas morrendo’. Eventualmente pararam de me convidar”, brinca. Foi do melhor amigo que ele recebeu o símbolo da campanha: um apito. “Até ali, nós só tinhamos um apito para convencer as pessoas a participarem da causa [paz no Congo]”.

A Falling Whistles então ganhou o mundo, milhares de colaboradores trabalhando de graça, vivendo à base de “miojo” para encontrar uma forma de ajudar. “Quando chegávamos nos lugares e as pessoas nos perguntavam o que significavam os apitos, a gente falava que era uma campanha para salvar as crianças do Congo. E foi assim que muitos começaram a comprar e aquilo foi crescendo. Víamos os apitos em todos os lugares”.

Em sintonia com os campuseiros, Sean acredita que as novas tecnologias, que permitem que todos se conectem, vai transformar ainda mais, não só a causa do Congo, mas a de muitos países. “Há cinco ou dez anos, essa campanha não seria possível, simplesmente pelo fato de que não tínhamos Internet e não podíamos nos comunicar com pessoas de todo o mundo. Vocês daqui podem desenvolver tecnologias e utilizá-las em prol de algo maior, em prol de uma luta”.

Projeto
Atualmente, mais de 100 mil pessoas estão engajadas na causa da Falling Whistles. O projeto investe na criação de estações de rádio no Congo, no tratamento de mais de 330 mil pessoas com Malária e também criou o primeiro salão de beleza dirigido por mulheres no leste do Congo.

O acesso a cirurgias e reabilitação para centenas de mulheres e crianças ainda foi facilitado. “Eu espero que o capitalismo possa nos dar esses mecanismos e possamos fazer sérias mudanças para mudar o sistema. Vamos mostrar que podemos resolver grandes problemas”, explica Sean.

Serviço
http://www.fallingwhistles.com/

Repórter enviada a Recife

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