Pandemia impacta saúde mental de profissionais da linha de frente

Após um ano de pandemia de coronavírus, os trabalhadores da área da saúde sentem impactos na saúde mental, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo ouviu 1.829 profissionais de diversos campos em todas as partes do país e 80% deles disseram que tiveram algum problema de saúde mental ao longo do último ano. Participaram do estudo médicos, enfermeiros, agentes de saúde comunitária, fisioterapeutas, entre outros.

Essa é a quarta etapa da pesquisa, iniciada em abril de 2020, que vem acompanhando as percepções dos profissionais de saúde. “O que a pesquisa mostra é que a situação deles piorou em termos emocionais e da própria saúde. Porque eles estão há um ano na ativa, sem parar, sem licença ou descanso, ao mesmo tempo que as condições materiais deles não melhoraram”, diz uma das autoras do estudo, a pesquisadora da FGV Gabriela Lotta.

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Gabriela explica que a amostra não foi coletada aleatoriamente, o que não permite dizer que a amostra represente exatamente a situação dos profissionais de saúde do país. “Mas ela dá um bom quadro de como está a situação dos profissionais no Brasil”, explica.

Apesar do tempo lidando com pacientes com covid-19, mais de dois terços (69%) dos profissionais disseram não se sentir preparados para lidar com a pandemia. A grande maioria, 87%, disse sentir medo e 67% ansiedade. Outros sentimentos presentes foram cansaço (58%) e tristeza (50%).

Apenas 19% disseram ter tido algum tipo de suporte de saúde mental. “Eles estão em sofrimento e não têm recebido apoio para lidar com esse sofrimento”, disse Lotta.

Para a pesquisadora, os dados mostram que houve pouco avanço para lidar com a doença. “A gente não melhorou em quase nada a preparação dos nossos profissionais, distribuição de equipamentos, treinamento. A gente está colocando os nossos profissionais a risco de morte”, diz.

Entre os pesquisados, 31% disseram já ter tido covid-19 e 86% foram vacinados contra a doença.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta sobre os resultados da pesquisa.

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