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Sífilis e HPV são as infecções que mais preocupam Hospital São José, diz infectologista

Ao contrário do que comumente é propagado, os casos mais atendidos de HPV no São José são de homens, conta profissional
15:07 | Mar. 13, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Em 2019, o Hospital São José (HSJ), referência no Ceará quando o assunto são Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), atendeu 793 pacientes com esses casos. Apesar do órgão ainda não ter contabilizado, o médico infectologista do hospital, Severino Alexandre, mais conhecido como Dr. Lino, contou ao O POVO que os casos de sífilis e HPV (Vírus do Papiloma Humano) são os mais comuns no consultório do HSJ.

“A sífilis não cresceu só no Ceará, mas no mundo todo. Uma coisa importante é que as ISTs são assintomáticas e a sífilis é uma infecção silenciosa. A pessoa chega (no hospital) achando que está com alergia e só procura atendimento quando vê que não melhora”, explica o médico. Junto a outra profissional, os dois cuidam do consultório do São José. Além da sífilis e HPV, a gonorreia também se destaca.

Nos dois últimos meses, entre janeiro e fevereiro, a média de acolhimento lá foi de 125 pessoas. A parte de urgência e emergência recebem casos suspeitos de ISTs, que são encaminhados para o ambulatório e consultório.

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Ainda segundo Dr. Lino, em torno de 80% de atendimentos no consultório são de HPV. O vírus infecta a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões precursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus. “Nem todos os profissionais tratam o HPV. Aqui, a gente atende mais homens”, conta. Existe vacina para o HPV, que pode ser tomada por todos os gêneros. A vacinação ajuda na prevenção.

Ele ainda acrescenta que as mulheres costumam fazer mais exames, mas “às vezes a mulher tem sífilis, por exemplo, e a gente trata o parceiro”.

Testes rápidos ajudam nos diagnósticos

Outro fator importante apontado pelo infectologista do Hospital São José  é a importância dos testes rápidos para a identificação imediata de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Conforme Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente testes para diagnóstico do HIV (o vírus causador da aids), e também para diagnóstico da sífilis e das hepatites B e C. Existem, no Brasil, dois tipos de testes: os exames laboratoriais e os testes rápidos. Os testes rápidos são práticos e de fácil execução; podem ser realizados com a coleta de uma gota de sangue ou com fluido oral, e fornecem o resultado em, no máximo, 30 minutos.

Testes rápidos ajudam nos diagnósticos. Saiba como fazer.
Testes rápidos ajudam nos diagnósticos. Saiba como fazer. (Foto: Gabriela Feitosa)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sífilis atinge mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo

O último boletim da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), de 2019, mostra que 2.808 casos de sífilis adquirida foram notificados no estado em 2018. Além disso, foram 2.306 casos de sífilis em gestantes - quadro que preocupa comunidade médica - e 1.513 casos de sífilis congênita, quando a transmissão da infecção acontece de mãe para filho. Ao todo, oito óbitos por sífilis congênita foram notificados no Sistema de Informação sobre Mortalidade.

No mesmo ano, houve aumento da notificação de casos de sífilis em gestantes. Quando analisada a série histórica, observa-se que 6.482 (30,4%) casos ocorreram em homens e 14.875 (69,6%) em mulheres, sendo que 4.330 (20,3%) notificadas como sífilis adquirida e 10.545 (49,4%) notificadas como sífilis em gestante.

Desde 1983, Ceará registra 21.239 casos de aids

O primeiro caso de Aids notificado no Ceará aconteceu no ano de 1983. Desde então, até 2019, 21.239 pessoas foram diagnosticadas. Dr. Lino chama atenção para a diferença entre HIV e Aids: “A aids é um estágio avançado do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Nem sempre quem tem HIV terá aids. A pessoa pode estar com o vírus, convivendo com ele”.

No Ceará foram notificados 2.658 casos de HIV em gestantes, com média de 241 casos ao ano, considerando o período de 2009 a 2019. O ano de 2018 tem destaque com maior número de casos (12) e a maior taxa de detecção em crianças menores de 5 anos de idade: 1,7 casos por 100.00 habitantes.

A maior concentração dos casos de aids no Ceará, foi observada nos indivíduos com idade
entre 25 a 34 anos, independente do gênero. No Ceará entre os anos de 2009 a 2019 foram registrados 3.440 óbitos (média de 312 óbitos/ano) tendo HIV/Aids como causa básica.

Para Dr. Lino, o uso de preservativos aliado à uma boa educação sexual são fatores importantes para prevenção de ISTs - o que deve começar na escola. “ A gente tem que compreender que todo mundo pratica atividade sexual. O preconceito deve ser combatido”, disse. Segundo ele, os mitos que envolvem essas infecções impedem que as pessoas se cuidem da forma correta ou tenham vergonha/medo de procurar ajuda profissional.

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