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Ministério lança campanha para prevenir a obesidade infantil

Brasil tem 4,4 milhões de crianças acima do peso. Dados de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apontam três em cada dez crianças, de cinco a nove anos, neste perfil
09:35 | Nov. 15, 2019
Autor Agência Brasil
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Tipo Notícia

O Ministério da Saúde lançou a campanha "1, 2, 3 e já! Vamos prevenir a obesidade infantil". A ideia é incentivar as crianças a seguirem três passos simples para evitar o sobrepeso: alimentação saudável, atividade física e brincadeiras longe das telas da TV, celular e jogos eletrônicos.

O lançamento ocorreu durante a abertura do 15° Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam) e o 5° Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável (Enacs), no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, região central do Rio de Janeiro.

Na cerimônia de abertura, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou que o país tem evoluído na regulamentação da indústria e propaganda e no incentivo à alimentação saudável.

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“Somos de uma geração em que a propaganda dizia: 'Danoninho vale por um bifinho'. Daquele marco, inicia-se uma reação da sociedade e organização para pensar e debater se aquela frase tinha algum fundo de verdade. Hoje, ela fica na prateleira da vergonha da propaganda. Era um Conar [Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária] que não existia, uma regulamentação que não existia.”

Segundo Mandetta, o problema é um “verdadeiro drama” e o fenômeno é global. Dados do ministério apontam que três de cada 10 crianças de 5 a 9 anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão acima do peso, um total de 4,4 milhões. Do total de crianças, 16% (2,4 milhões) estão com sobrepeso, 8% (1,2 milhão) com obesidade e 5% (755 mil) com obesidade grave. Abaixo de 5 anos, são 15,9% com excesso de peso.

O ministro informou que a campanha será multimídia e vai utilizar datas como o Dia das Mães para trazer o assunto à tona ao longo de 2020. De acordo com ele, os cursos para agente comunitário de saúde também vão incluir o tema da amamentação, dentro da campanha de prevenção à obesidade.

Em obesos, cresce risco para câncer e doenças cardiovasculares 

O embaixador da campanha, o preparador físico Márcio Atalla, comentarista da rádio O POVO/CBN, disse que a obesidade infantil é um problema sério e que existem diversos obstáculos a serem vencidos, como a facilidade de acesso a alimentos ultraprocessados e as dificuldades impostas pela falta de tempo no cotidiano das famílias.

“Essas crianças, tendo uma saúde debilitada agora, com sobrepeso e obesidade, têm o risco de ter câncer aumentado em 40%, e maior risco de doença cardiovascular. São as enfermidades que mais têm prevalência dentro do sistema de saúde. Então, uma campanha contra a obesidade infantil é de extrema importância para a saúde no futuro, em um país que vai envelhecer e vai depender do sistema público de saúde”.

Pesquisa nutricional

A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério, Gisele Bortolino, destacou que o órgão iniciou, neste ano, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani). O levantamento já foi finalizado em 11 estados, com 143.330 domicílios visitados. Os primeiros resultados serão apresentados no segundo semestre de 2020.

“O objetivo é avaliar o estado nutricional das crianças e as deficiências nutricionais. O último inquérito, de 2006, mostrava a prevalência de anemia de 20% e hipovitaminose de 17%. Então, esse inquérito tem o objetivo não só de ver a questão do excesso de peso, mas também o estado nutricional e, a partir disso, fazer a discussão das políticas para as questões encontradas.”

De acordo com o ministro, a pesquisa é o “marco zero” para a implantação de políticas públicas. “Esses números vêm de fontes indiretas, por isso autorizamos esse inquérito. Ele vai me dar o marco zero: quantas crianças são, onde estão, quanto é por região, dentro das regiões quais são os motivos principais. Tem região que é sedentarismo, outras é alimentação equivocada”.

Guia alimentar

Outra iniciativa, complementar à campanha e dentro dos eventos de amamentação, foi o lançamento de um guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Segundo os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) 2018, 49% das crianças de 6 a 23 meses consomem alimentos ultraprocessados, 33% ingerem bebidas adoçadas e 32,3% comem macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados.

Segundo Gisele Bortolino, o guia foi organizado para indicar a alimentação mais correta pelo nível de processamento dos alimentos e traz como regra de ouro “descasque mais e desembale menos”. Os alimentos são classificados em in natura, minimamente processado, ingredientes culinários processados, processados e ultraprocessados.

“O guia foi atualizado com linguagem mais simples, voltado para tirar as dúvidas das famílias. Os anteriores eram direcionados a profissionais de saúde. Ele inova ao trazer um capítulo sobre culinária e mostra que a chegada de uma criança deve ser uma oportunidade para unir a família, se organizar e cozinhar alimentos mais saudáveis em casa. Também foram incorporadas as crianças vegetarianas”.

Com 12 passos para uma alimentação saudável, o guia traz dicas como a amamentação exclusiva até os 6 meses e complementação até 2 anos ou mais; não expor as crianças de até 2 anos ao açúcar nem a alimentos ultraprocessados, oferecer a mesma comida de toda a família e proteger a criança da publicidade de alimentos.

 

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