'Foi sempre um conciliador', diz Toffoli no velório de Sigmaringa Seixas
"Foi sempre um conciliador, um construtor de pontes. Foi uma pessoa que quis criar uma possibilidade de um Brasil melhor", disse o ministro, que contou ainda que os dois participavam do mesmo grupo de "pelada".
O presidente da Corte, que chegou por volta das 9h no velório do advogado, lembrou da importância de Sigmaringa para a redemocratização do País e para a autonomia de Brasília.
Filiado ao PT, ele foi amigo de Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato em Curitiba. O ex-presidente chegou a pedir para comparecer ao enterro, mas a Justiça negou o pedido.
Sigmaringa Seixas morreu, aos 79 anos, na terça-feira, dia de Natal, em São Paulo, devido a uma parada cardíaca. O enterro acontece no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, às 17h desta quarta-feira.
Sigmaringa foi defensor de presos políticos durante a ditadura militar é um dos que ajudou a criar o grupo Tortura Nunca Mais. Segundo contou o jornalista Jarbas Silva Marques, amigo de Sigmaringa, ele e outros advogados de presos políticos tiveram a ideia de copiar processos e depoimentos de torturados, que estavam no Superior Tribunal Militar (STM), em 1979. À época, o advogado era conselheiro da OAB-DF.
"Luiz Carlos, com toda a timidez dele, estava em Brasília e requeria os processos da justiça militar no STM e, numa noite, ele copiava o processo e, nos prazos legais, ele devolvia isso. Isso que possibilitou que Dom Paulo Evaristo Arns e o Conselho Mundial das Igrejas elaborasse o Tortura Nunca Mais. O depoimento dando o nome de 244 torturadores das Forças Armadas e o nome de policiais civis que participavam da tortura 1979", explicou o amigo, que ficou preso na ditadura de 1967 a 1977.
Sigmaringa vem de uma família de advogados militantes. Seu pai, Antônio Carlos, lutou contra a ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, e, segundo Marques, conseguiu passar o "gene libertário" para os filhos.
Agência Estado
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