O admirador que virou assessor do candidato
Em 2014, irritado com o governo do PT, Bebianno começou a mandar e-mails para o gabinete do deputado, em Brasília, oferecendo ajuda jurídica grátis. Mas foi ignorado. Em 2017, conseguiu ser apresentado pessoalmente a Bolsonaro por amigos em comum. E "caiu no encanto" do deputado, dizem antigos assessores do parlamentar. A aproximação despertou ciúmes e disputas internas no grupo. Hoje, a função de Bebianno na campanha é central. É ele que coordena as agendas do presidenciável e é o interlocutor do candidato com os demais integrantes da campanha e com a imprensa.
Morador do Leblon, Bebianno foi quase só com a roupa do corpo para o hospital Alberto Einstein quando Bolsonaro foi transferido após o atentado que sofreu. Ficou lá durante quase todos os dias de internação de Bolsonaro. Era um dos poucos fora a família que tinham acesso livre ao candidato. Durante esse tempo, acompanhou a recuperação de Bolsonaro e coordenou as ações da campanha.
Arrependeu-se do único dia que desgrudou do candidato, quando viajou rapidamente a Minas para visitar o filho. Nesse período, um convidado passou o telefone para Bolsonaro no hospital e, de surpresa, o fez falar por quatro minutos com um jornalista - o que Bebianno não previa em sua estratégia. Depois, o rigor das visitas aumentou. Até a advogada Janaína Paschoal, que chegou a ser cotada como vice do deputado, foi barrada na portaria.
Família. Ele também conseguiu ocupar espaço junto ao núcleo familiar do candidato, inclusive algo que muitos aliados invejaram: a aproximação com a discretíssima Michele Bolsonaro. A mãe da filha caçula do candidato não gosta ou é orientada a não aparecer, nem se envolver, em eventos da campanha.
Os filhos demoraram a confiar. Os deputados (estadual no Rio, Estado pelo qual foi eleito senador em 2018) Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro (federal por São Paulo) passaram a confiar mais em Bebianno depois que de o pai começar a subir nas pesquisas e a Presidência se tornar palpável. O sucesso foi visto como sinal de que as estratégias comandadas pelo presidente do partido estavam dando certo.
O vereador no Rio, Carlos Bolsonaro, que, na família do presidenciável, costuma ser o mais avesso à imprensa e a aliados de campanha, costuma dividir tarefas com Bebianno. A parte de Bolsonaro nas redes sociais, por exemplo, é controlada por Carlos e, nesse caso, Bebianno raramente dá palpites. Já o controle das finanças da campanha é feito pelo presidente do PSL, que também acompanha ações jurídicas movidas contra o candidato.
Procurado todos os dias da semana passada, Bebianno não quis dar entrevista ao Estado. Na quinta-feira, Bolsonaro pediu aos aliados para que não falem com a imprensa - que, em sua opinião, "é toda de esquerda" e "quer arranjar um meio" de desgastá-lo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado
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